Com informações de Wesley Justino/EPTV
Campinas iniciou hoje (20) a remoção das 75 árvores do Bosque dos Jequitibás. O manejo vem após quase seis meses do fechamento do parque, que está previsto para reabrir suas portas no início de agosto. Vale destacar que outras 33 árvores estão sujeitas a reavaliação de corte, devido a uma polêmica que surgiu em torno desse tema (mais detalhes abaixo).
O bosque é conhecido por funcionar como um zoológico em Campinas, abrigando diversas espécies de animais. No entanto, desde o dia 24 de janeiro, o parque permaneceu fechado após um acidente que matou uma criança de 7 anos devido à queda de um eucalipto na Lagoa do Taquaral. Na época, a Prefeitura, atendendo a uma solicitação do Ministério Público, decidiu fechar todos os parques e áreas verdes da cidade para que fosse realizada uma avaliação das árvores.
Antes da tragédia, no entanto, uma árvore de grande porte do Bosque caiu em dezembro de 2022 em cima de um carro que passava pela Rua General Marcondes Salgado, matando um homem de 36 anos. O veículo em que a vítima estava foi atingido por uma figueira de 35 metros de altura durante uma forte tempestade que atingia a cidade.
Segundo o diretor do DPJ (Departamento de Parques e Jardins) de Campinas, Luiz Cláudio Mollo, a demora para iniciar a retirada se deu por causa dos trabalhos de análise dos laudos, espera por aprovações dos órgãos responsáveis e dos impasses envolvendo o número de árvores a serem removidas do local.
Veja imagens da retirada que começou hoje:
POLÊMICA
Inicialmente, seria feita a remoção de 108 árvores do Bosque. Contudo, após o relatório da Comissão de Estudos da Câmara dos Vereadores e do Condema (Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente), o total caiu para 75 árvores. Mas o manejo das demais árvores será reavaliado.
O diretor do DPJ disse que após a retirada das árvores em comum acordo entre os laudos, as demais serão reavaliadas.
“O departamento fez uma vistoria em todas as árvores do parque. Chegamos a 108 condenadas, que não tem como serem tratadas e apresentam risco para a população, mas a comissão da Câmara fez um laudo paralelo onde apontam 75 árvores. Temos um laudo do município de 108, e da comissão de 75. Então vamos tirar as 75 que estão em comum acordo. As demais, terminando essas árvores vamos fazer a vistoria uma a uma, para que não tenha mais polêmica, fazer um trabalho em conjunto, para que consigamos abrir o parque”, afirmou nesta quinta-feira.
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Mollo citou o aval do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), ligado ao governo do Estado de São Paulo, mas afirmou que haverá uma análise final antes da reabertura por segurança do entorno.
“Nós já temos o laudo aprovado pelo Conhephat das 108, mas como existe essa polêmica entre os dois laudos, as 33 serão reavaliadas de novo para não ter nenhum risco de retirada. Para atender todos vamos trabalhar de novo, percorrer essas árvores de novo, e as que a gente achar que não tem risco tudo bem, o que a gente não pode deixar é essas árvores próximas a edificações, comércios, áreas de caminhada”, completou.
COMO VAI SER FEITO
Segundo o diretor do DPJ, os trabalhos iniciados hoje consistem na remoção das árvores condenadas, correção de copas, limpeza de folhas e trabalho de manejo geral. Apesar da previsão inicial de que os trabalhos durem 15 dias, Mollo afirma que não haverá pressa para que o trabalho seja cuidadoso com os animais.
“Estamos prevendo 15 dias. Vamos andar de pressa, mas não vamos correr. Aqui tem edificações, museus, animais aqui dentro que não podemos estressar, e a topografia do Bosque é difícil, não ajuda. Na recolha dos galhos pode demorar um pouco, mas vamos trabalhar para abrir o mais rápido possível com tudo o que tem no parque”, indicou.
REPLANTIO
Mollo reafirmou o número indicado pela Prefeitura, que prevê replantar 1.875 árvores para cumprir a legislação que determina que a cada uma árvore extraída, outras 25 devem ser replantadas.
“Vamos replantar o número que for necessário no Bosque e o restante em praças da mesma bacia hidrográfica, ou seja, do Ribeirão Anhumas”, informou o secretário de Serviços Públicos, Ernesto Paulella.
O BOSQUE
Uma das mais antigas áreas verdes de lazer de Campinas, o Bosque dos Jequitibás foi criado em 1884 por Francisco Bueno de Miranda que manteve grande parte da vegetação existente. Adquirido pelo município em 1915, possui mais de 100 mil metros quadrados e cerca de 200 animais entre mamíferos, aves e répteis.
Também tem um complexo de museus, Museu de História Natural, Casa dos Animais Interessantes e Aquário Municipal; o Teatro infantil Carlito Maia; entre outros espaços como parquinho e lanchonetes. O Bosque dos Jequitibás fica na rua Cel. Quirino, 2, Bosque.
NA LAGOA DO TAQUARAL
Na Lagoa do Taquaral, a reabertura aconteceu no dia 25 de março. Ao todo, foram retirados mais de 500 eucaliptos da Lagoa e outras 181 árvores, de espécies diversas. No último final de semana, a Prefeitura reabriu a pista interna que ainda seguia interditada, próximo à área onde ficavam os eucaliptos (leia mais aqui).