Um caso de crueldade em um lar temporário para cachorros em Valinhos chocou os moradores da cidade no Dia Mundial dos Animais e Dia de São Francisco, celebrado hoje (4). Pelo menos sete cães passaram mal após ingerirem salsichas recheadas com anzóis. O caso aconteceu no domingo (3) e foi divulgado nesta segunda-feira. O autor do crime ainda não foi identificado.
Segundo Dulce Miragaia, dona do espaço que atende os cachorros, os animais saíram pela manhã para dar uma volta no quintal da propriedade, que tem 4 mil metros quadrados, quando comeram as salsichas que estavam espalhadas em dois pontos do terreno. De acordo com ela, 90% dos animais que estão no local são resgatados da rua.
“Eu percebi que tinham alguns cachorros pegando alguma coisa no chão que eu não sabia o que era. Quando vi que eram pedaços de salsicha, achei, a princípio, que estavam envenenadas”, disse Dulce.
A proprietária informou ainda que alguns animais já estavam ingerindo o alimento. ”Eu logo chamei o pessoal que faz raio-x móvel. Uma veterinária veio aqui e fizemos os exames em 13 cachorros para ver quem realmente havia comido as salsichas” , complementou.
MORTE LENTA
Ao todo, sete animais foram encaminhados para uma clínica veterinária. Os três casos mais graves foram atendidos ontem. Os cães fizeram radiografia para localizar onde estavam os anzóis e logo depois, passaram por uma cirurgia para a remoção dos artefatos.
Foram retirados 34 anzóis do primeiro cachorro que passou pelo procedimento cirúrgico. Do segundo animal foram 11 anzóis e do terceiro, seis artefatos. Eles estavam distribuídos entre estômago e intestino. Os outros quatro animais serão analisados hoje.
“A pessoa que fez isso colocou o menor anzol que ele podia ter colocado, que é justamente para dificultar inclusive a remoção. Tanto que no nosso setor de diagnóstico por imagem a gente teve muita dificuldade para poder remover por completo todos esses artefatos”, disse o médico veterinário que atende o caso, Christiano Yamasaki.
Segundo ele, o objetivo do criminoso era promover a morte lenta dos animais. “Sou médico veterinário há pelo menos 20 anos e nunca vi alguém que tivesse essa disponibilidade. Era para promover morte lenta, ficar judiando dos cães até que eles chegassem ao óbito”, disse Christiano.
Os animais estão estáveis, mas em observação porque não há certeza se todos os anzóis foram removidos. Ainda podem surgir infecções secundárias.
“A gente faz a contagem de acordo com as imagens de radiografia, mas o artefato é tão pequeno que a gente não consegue ter certeza. Então, a gente vai ter que manter esses cães aqui. Eles vão ficar em avaliação por um tempo para ter certeza que todos os anzóis foram eliminados mesmo. Esse é o grande problema que nós temos”, informou o veterinário.
PUNIÇÃO
De acordo com a dona do local, o boletim de ocorrência será registrado na tarde desta segunda-feira (4). Não há câmeras de vigilância na propriedade que possam ajudar na identificação dos criminosos.
A pena para maus-tratos contra animais varia de dois a cinco anos de prisão. Em caso de morte, o juiz pode acrescentar mais um terço da punição.