Após 21 anos, o Caism (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher), da Unicamp, em Campinas, suspendeu nesta segunda-feira (20), o atendimento por demanda espontânea em seu pronto atendimento.
Com a mudança, mulheres de Campinas e região não poderão mais buscar atendimento de emergência no local. Agora, só serão atendidas as que forem encaminhadas por outra unidade médica. A alegação para a alteração no modo de operação é que a medida vai organizar os atendimentos priorizando os casos de alta complexidade.
Por dia, o Caism atendia entre 25 e 40 pacientes que chegavam até a unidade. Segundo a diretoria do Centro, agora todo o atendimento será feito apenas através de encaminhamento por unidades de saúde.
Segundo o superintendente do Caism, Luís Otávio Zanatta Sarian, o hospital fechou as portas do pronto atendimento no começo da tarde desta segunda-feira, e só receberá pacientes encaminhadas.
A medida, segundo ele, já era estudada e prevista desde o início do ano por causa da alta de atendimentos do hospital. Com a mudança, o Caism passa a ficar totalmente disponível para a Cross (Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde) do estado.
“A finalidade é aprimorar o atendimento dos pacientes graves que são atendidas no Caism. Agora, serão atendidas somente as pacientes de alta complexidade, como gestações complicadas por outras doenças e casos oncológicos graves”, disse Zanatta.
“A partir do momento que uma mulher que não tem necessidade dessa atenção vem pra cá, ela acaba tirando a vaga de outra que precisa de nós e, às vezes, essa atenção não está disponível em outras unidades da nossa região”, complementou.
Segundo ele, na prática, as pacientes que procuravam espontaneamente o hospital, devem agora buscar atendimento nas unidades básicas de saúde e se necessário, o Cross fará o encaminhamento para o Caism.
O CAISM
A demanda espontânea no pronto atendimento do Caism funcionava desde 2000. O hospital é unidade de referência para 62 municípios do Estado, atendendo uma população de mais de cinco milhões.
Atualmente, o hospital possui 134 leitos, sendo 36 de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Segundo Zanatta, até 30% das internações eram de casos que vinham como atendimentos espontâneos.
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
O hospital é referência no atendimento de mulheres vítimas de violência. De acordo com Zanatta, esse tipo de assistência segue sem alterações.
“Esse tipo de atendimento é feito de uma forma especial, que será mantida sem qualquer tipo de alteração. A mulher chega aqui, recebe as informações na nossa recepção e ela já é levada para uma região específica do nosso hospital. Ela faz a consulta médica e passa por todas as orientações. Tudo isso continua do jeito que sempre foi”, afirmou o superintendente.
REFORMA E MENOS LEITOS DE UTI NEONATAL
Além do fechamento da demanda espontânea, o Caism está atualmente com redução nos leitos de UTI Neonatal por causa de uma reforma na estrutura. Dos 30 leitos, 12 seguem em atendimento e 18 estão fechados para obras.
“A reforma na UTI Neonatal é para uma melhora na qualidade da atenção e para ampliação da capacidade do nosso hospital”, disse Zanatta.
Entretanto, a medida provocou superlotação na unidade. Atualmente, 14 bebês estão internados na UTI neonatal, dois deles em estrutura do bloco operatório, que foi convertido para atender a demanda durante a reforma.