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CotidianoCampinas começa hoje manejo de capivaras em parques públicos para combater febre maculosa

Campinas começa hoje manejo de capivaras em parques públicos para combater febre maculosa

A Prefeitura de Campinas inicia hoje (26) a primeira etapa do manejo para controle da população de capivaras em parques públicos

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A Prefeitura de Campinas inicia hoje (26) a primeira etapa do manejo para controle da população de capivaras em parques públicos. Aproximadamente 200 capivaras passarão por procedimentos de vasectomia e salpingectomia, com o objetivo de prevenir a transmissão da febre maculosa.

O que é o manejo reprodutivo das capivaras?

A primeira fase do projeto envolve a “ceva”, uma técnica de alimentação controlada dos animais em horários e locais específicos, visando a captura do grupo. O manejo reprodutivo é essencial para reduzir o número de filhotes, contribuindo para o combate à febre maculosa, uma doença causada pela bactéria Rickettsia rickettsii. Esta bactéria é transmitida aos seres humanos pela picada do carrapato-estrela, que pode ser encontrado em diversos animais, incluindo as capivaras.

Para fazer o manejo com fauna silvestre, a Prefeitura solicitou análise e autorização da Semil (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística). Nesta fase, serão esterilizadas capivaras que habitam o Parque Portugal (Lagoa do Taquaral), Lago do Café, Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim e Parque das Águas.

A gestão do projeto é de responsabilidade da Secretaria do Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade. Duas licitações foram realizadas: uma para a contratação de serviços médicos veterinários para vasectomia e salpingectomia, e outra para a prestação de serviços de ceva, captura, manejo pré e pós-cirúrgico, além da soltura dos animais nos parques de origem. A coordenação e fiscalização das atividades estão sob a responsabilidade do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal (Dpbea).

Centro de manejo das capivaras

As cirurgias dos grupos de capivaras do Lago do Café e do Parque Taquaral serão realizadas no centro de manejo especialmente construído em uma área cercada da Lagoa do Taquaral. São dois recintos onde os animais passarão pelo procedimento cirúrgico e, depois, cumprirão o período de recuperação.


As instalações foram construídas pelo DPJ (Departamento de Parques e Jardins) de acordo com as diretrizes estabelecidas pela Semil. Outros parques receberão estruturas de centro cirúrgico móvel para otimizar o manejo e evitar o stress que seria gerado no embarque, transporte e desembarque dos animais, além de diminuir a possibilidade de dispersão de carrapatos e da própria bactérias causadora da febre maculosa.

As capivaras vivem em grupos, com uma estrutura social própria e, para evitar brigas e disputas por território, será manejado um grupo de animais por vez, independentemente do número de indivíduos. Os primeiros grupos que passarão pelo procedimento são os que vivem no Parque Taquaral, seguidos pelos do Lago do Café, Parque Ecológico e Parque das Águas.

O assessor do Dpbea, Rodrigo Pires, disse que não é possível determinar quanto tempo deve decorrer entre captura, cirurgia, recuperação e soltura de cada grupo de capivaras. A estratégia para capturar os animais consiste em atraí-los com alimento, mas se eles vivem em um ambiente onde a oferta de comida é mais abundante, essa técnica pode demorar um pouco a surtir efeito.

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“Depende das condições climáticas, ambientais e até sociais do grupo. Tem grupo que é manso, está acostumado à presença humana, entra logo no brete, outros são mais difíceis, podem levar semanas para que sejam capturados”,

explicou.

Combate à febre maculosa

Para a Administração, a  esterilização das capivaras é como uma técnica auxiliar para prevenir a transmissão da febre maculosa, que pode ocorrer quando um carrapato se alimenta do sangue de um animal infectado, como a capivara (entre outros), e depois pica uma pessoa. A capivara não transmite diretamente a doença às pessoas.

De acordo com Pires, ao impedir o nascimento de novos indivíduos, a médio prazo, o ciclo de transmissão da bactéria causadora da doença deve ser interrompido.

“Acreditamos que a medida pode ajudar a combater a transmissão da febre maculosa porque a capivara só transmite a Rickettsia uma vez na vida, depois disso, não transmite mais. Então, se mantivermos o grupo vivo no local, impedindo o nascimento de novos indivíduos, em algum momento, não teremos novas capivaras dando sequência ao ciclo da bactéria”, explica.

Além de evitar novos nascimentos, a ação visa também dificultar a entrada de novas capivaras nos parques. “O processo de vasectomia e laqueadura mantém os animais produzindo os hormônios normalmente e a estrutura social do grupo permanece a mesma, ao contrário da castração, que interrompe a produção de hormônios e o grupo se desestrutura socialmente, abrindo espaço para a entrada de outros indivíduos e grupos no local”, destaca Pires.

A febre maculosa

Em 2022 foram confirmados 11 casos de febre maculosa em Campinas, sendo nove delas com transmissão no município. Houve registro de sete mortes. No ano passado, foram 10 casos confirmados, nove com transmissão no município e também com sete óbitos. Em 2024, até o momento, há um caso registrado, com óbito.

A Febre Maculosa Brasileira (FMB) é uma doença grave, com alta letalidade, causada pela bactéria Rickettsia rickettsii. A infecção se dá pela picada do carrapato-estrela (Amblyomma sculptum) infectado com a bactéria causadora da doença. O período de incubação, desde a picada do carrapato até a manifestação dos sintomas, é de 2 a 14 dias.

O carrapato vetor está presente em áreas com vegetação, especialmente onde há presença de capivaras, cavalos ou outros animais silvestres. Eles infestam principalmente capins, gramados e acúmulos de folhas secas caídas.

Nesses locais há intensa associação entre o ambiente e o carrapato vetor; quando os seres humanos frequentam ambientes com a presença do carrapato-estrela infectado a transmissão da FMB pode ocorrer.

Capivaras

De acordo com a Semil, as capivaras são animais que se adaptam bem à presença humana. Seu ambiente preferido é área de várzea, onde há água, importante para regular a temperatura corporal e escapar dos predadores. Para se alimentar, fazem uso de gramíneas e produtos agrícolas, como cana-de-açúcar, milho, arroz, e outros.

Consideradas os maiores roedores do mundo, são criaturas sociáveis, vivem em grupos, com uma organização complexa, que contam com um líder. As fêmeas se reproduzem duas vezes ao ano e podem gerar de um a oito filhotes por gestação.

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