O Caism (Hospital da Mulher da Unicamp) de Campinas confirmou nesta quarta-feira (7) o diagnóstico do fungo Candida auris em um bebê nascido e internado no local. De acordo com a secretaria municipal de Saúde, este é o primeiro diagnóstico deste tipo na cidade, situação que não impede o hospital de continuar funcionando e realizando partos normalmente (veja abaixo).
Segundo o Caism, a confirmação ocorreu no dia 18 de maio e “desde então, todas as medidas de contenção e de tratamento têm sido tomadas”. Entre elas, o reforço na limpeza do espaço, o uso de materiais exclusivos para o tratamento do infectado e o impedimento de que os mesmos profissionais atendessem outros bebês. Até o momento, não há mais casos suspeitos ou em análise.
“Tendo sido realizada uma ampla investigação entre outros pacientes do hospital, nenhuma outra pessoa foi diagnosticada com o referido agente patológico até o presente momento. Novos rastreamentos estão sendo realizados com vistas a confirmar esse resultado”, detalha o comunicado.
COMO ESTÁ O PACIENTE?
Após o parto realizado no último mês, o recém-nascido teve o diagnóstico confirmado no dia 18, após um exame neonatal. Desde então, o paciente “vem apresentando boa evolução clínica”, apesar de “sua prematuridade e baixo peso”. Conforme a nota, porém, “essas condições são comuns a recém-nascidos prematuros” e não estariam diretamente relacionadas à infecção pelo fungo.
TODAS AS MEDIDAS
Ainda conforme o posicionamento do Caism, além de rastrear e identificar os trabalhadores que tiveram contato com o bebê, as medidas para evitar novos casos incluem a adoção e o reforço das seguintes medidas dentro da unidade:
- Limpeza e desinfecção do local de internação e dos equipamentos médico-hospitalares com produto à base de peróxido de hidrogênio
- Reforço da orientação das equipes assistenciais quanto às técnicas adequadas de
higienização das mãos e de paramentação (uso de luvas, toucas, aventais, etc.) - Realização de limpeza concorrente do local de internação no mínimo a cada 3 horas. Ao contrário da limpeza terminal, que ocorre após a alta do paciente ou a sua transferência para outra área, a limpeza concorrente é realizada durante a permanência do paciente no ambiente de cuidados de saúde
- Designação de artigos e produtos para saúde exclusivos para o paciente durante o período de internação
- Redução do número de visitas ao caso fonte. Seus visitantes têm recebido reforço das orientações sobre higiene das mãos, uso de avental e luvas. As coletas de leite deverão ocorrer na mesma sala onde o neonato estiver internado, com a supervisão e orientação da equipe de enfermagem. A movimentação dos pais dentro do hospital deve ser a mínima e indispensável
SAÚDE MONITORA
A situação faz o Devisa (Departamento de Vigilância em Saúde) monitora o caso. Em comunicado, a pasta de Saúde alega que foi notificada sobre o caso do fungo Candida auris em um bebê internado no Caism. “Todas as medidas de prevenção e controle foram implementadas pelo hospital”, complementa.
O QUE É O FUNGO?
O fungo Candida auris é um microrganismo de origem hospitalar capaz de resistir aos principais medicamentos antifúngicos. As infecções muitas vezes possuem alta morbidade e mortalidade associadas. O fungo foi relatado pela primeira vez no Japão em 2009, em um caso de otomicose. Desde então, foi relatado em todos os continentes, com exceção da Antártica.
O primeiro caso no Brasil foi identificado em novembro de 2020, em um paciente de 59 anos, internado em uma UTI (unidade de terapia intensiva) em Salvador, na Bahia. Em Campinas, este é o primeiro caso da infecção confirmado oficialmente.