Um levantamento publicado pelo Climate Central aponta que Campinas é a terceira entre 15 cidades mais “aquecidas” do Brasil. A pesquisa da organização americana de monitoramento meteorológico mostra que as mudanças climáticas também são responsáveis pelos dias mais quentes no país, como foi sentido principalmente na última semana na região. O município teve o Verão mais quente dos últimos 10 anos (veja aqui).
Das 678 cidades dos 175 países analisados, apenas 15 localidades brasileiras foram contempladas, por atenderem critérios de população definidos pelo estudo. A pesquisa utiliza a média registrada entre 1991 e 2020 como base para comparação.
A partir disso, os dados mostram que, entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, 80% da população global foi exposta a pelo menos um dia de temperaturas acima da média esperada para o período. No Brasil, o valor sobe para 93%, com cerca de 200 milhões de habitantes afetados. A média de aquecimento do país nestes meses foi de 0,71°C.
Campinas é uma das cidades mais ‘aquecidas’ do Brasil?
Campinas aparece em terceiro lugar no ranking das cidades mais “aquecidas” pelas mudanças climáticas no Brasil, com uma anomalia de temperatura de 0,93°C. Ela está atrás apenas de Vila Velha (ES) e Goiânia (GO), que lideram o ranking porque foram as que apresentaram maior anomalia de temperatura, com aumento de 1,15 °C e 0,99°C, respectivamente.
Veja a lista das 15 cidades mais “aquecidas” do país:
- Vila Velha, 1,15°C
- Goiânia, 0,99°C
- Campinas, 0,93°C
- Recife, 0,90°C
- Salvador, 0,84°C
- Maceió, 0,77°C
- Manaus, 0,70°C
- Belém, 0,63°C
- Curitiba, 0,6°C
- Brasília, 0,59°C
- Guarulhos, 0,56°C
- São Paulo, 0,54°C
- Rio de Janeiro, 0,47°C
- Porto Alegre, 0,46°C
- São Gonçalo, 0,17°C
O relatório da Climate Central mostra que, no Brasil, as cidades de Vila Velha (ES), Porto Alegre (RS) e Manaus (AM) ficaram 1,54°C, 1,52°C e 1,33°C mais quentes em fevereiro.
Em janeiro, o destaque fica para Recife (PE), que teve aumento de 1,34°C. Por fim, dezembro foi o mês com a maior anomalia registrada no país. Já Campinas e Goiânia (GO) encerraram o ano de 2024 com 1,72°C acima da média para o período.
Entenda a pesquisa
O estudo usou duas ferramentas para analisar o aumento das temperaturas ao redor do mundo:
- Anomalias de temperatura: mostra o quanto as condições climáticas eram mais quentes ou mais frias em relação à média de 1991 a 2020;
- Índice de Mudanças Climáticas: métrica desenvolvida pela Climate Central que quantifica a influência de mudanças climáticas nas temperaturas diárias.
Por que Campinas está no ranking?
Segundo o meteorologista Bruno Bainy, do Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura) da Unicamp, o estudo coletou dados que não são de estações meteorológicas diretamente, e sim um tipo de reanálise. Para ele, o critério de habitantes usado pelo estudo também acaba restringindo as cidades apresentadas, o que, diante da dimensão do Brasil, pode ter levado Campinas a ocupar um dos primeiros lugares do ranking.
O especialista compara os dados coletados com um mapa do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), válido para o mesmo trimestre apontado pelo estudo, de dezembro de 2023 a fevereiro de 2024. Nele, praticamente o Brasil inteiro aparece com temperaturas mais de 0,5°C acima da média, em que Campinas nem estaria entre as cidades mais “aquecidas” neste caso.

“Você vê que tem porções do Centro-Oeste que estão com as anomalias bem mais pronunciadas. Então, fica difícil fazer essa análise quando o limiar deles foi tão restritivo, selecionando apenas 15 cidades do Brasil”, explica.
Cuiabá (MT), por exemplo, que registrou recorde histórico de calor de 44,2°C no ano passado, não aparece no ranking das cidades brasileiras.
Mudanças climáticas
O estudo aponta que o El Niño tende a aumentar as temperaturas globais, apesar de ter um atraso de cerca de seis meses. O fenômeno responsável pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico está influenciando o padrão de anomalias de temperatura em todo o mundo.
Porém, a pesquisa destaca que o El Niño de 2023-24 acontece em um clima que já foi aquecido pelas atividades humanas.
Além disso, um dos fatores que ajudam a explicar a alta nas temperaturas é a quantidade de CO₂ (dióxido de carbono), principal gás do efeito estufa, presente na atmosfera. O levantamento mostra que as concentrações atingiram 422,8 ppm em janeiro de 2024, o maior nível em dois milhões de anos.
Segundo o Serviço de Alterações Climáticas Copernicus, fevereiro de 2024 marcou o nono mês consecutivo de recorde de calor na Terra, com uma elevação de 0,81°C em relação à média do mês nos últimos 30 anos. Comparando com o período pré-industrial, de 1850 a 1900, o aumento foi de 1,77°C.
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