O Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) do Comando de Policiamento do Interior 2 inaugurou nesta quarta-feira (28) o serviço da Cabine Lilás, voltado ao atendimento especializado e humanizado às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. O projeto começou na capital paulista e agora está se expandindo para o interior. Campinas é a primeira cidade da nossa região a receber a cabine. Ao todo, 38 municípios da região serão contemplados com o projeto.
Como funciona a Cabine Lilás?
A cabine lilás é um serviço operado dentro do Copom – por meio do telefone 190 – com 25 policiais femininas que foram treinadas por equipes especializadas da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) para atendimento de ocorrências e suporte a policiais que estão em campo.
Na Cabine Lilás a vítima é informada sobre os direitos, redes de apoio disponíveis na região em que mora, acionamento de viaturas em caso de ameaça e ainda recebe orientações diversas sobre como agir em determinadas situações.
Também é orientada a abrir um boletim de ocorrência sem sair de casa, por meio do aplicativo SP Mulher Segura, sobre assistência jurídica gratuita, pensão alimentícia e guarda do filho, rede de abrigo, auxílio-aluguel, além de serviços de acolhimento e atendimento à saúde.
O serviço pode ser solicitado pela vítima ou ser ofertado pelo atendente, caso a solicitante queira falar diretamente com uma policial. Como o atendimento é feito em uma cabine exclusiva, a vítima terá mais tempo de conversa na ligação, já que não ficará na linha com as mesmas pessoas que acionam o chamado emergencial.
Violência contra mulheres em Campinas
Dois dos 10 casos de feminicídio registrados na região de Campinas em 2025 ocorreram na metrópole.
Diante desse cenário, Campinas passou a contar, desde o fim de abril, com duas varas judiciais especializadas nesse tipo de crime. Até então, a única vara existente recebia, em média, três mil novos processos por ano, o que sobrecarregava a estrutura do Judiciário.
Dados do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) evidenciam a pressão sobre o sistema judiciário local: entre janeiro e março deste ano, foram registrados 1.130 novos processos ligados à violência contra a mulher em Campinas.
No mesmo período, a cidade contabilizou 1.430 pedidos de medidas protetivas — dessas solicitações, 903 foram concedidas pela Justiça.
Expansão da rede de proteção às mulheres
Até o final do ano, todas as regiões do interior do estado passarão a contar com o atendimento da Cabine Lilás, de acordo com o governo estadual. Em junho, será inaugurada em São José dos Campos. Depois, em Bauru (julho), Piracicaba (agosto), Sorocaba (setembro), Presidente Prudente (outubro), Santos (novembro), Araraquara e Ribeirão Preto (dezembro).
“Nosso compromisso é o de fortalecer e ampliar os serviços que dão bons resultados em nosso estado. A Cabine Lilás é um exemplo disso, pois estamos avançando na construção de um ambiente acolhedor e mais seguro para as mulheres, com um atendimento que vai além da emergência, oferecendo suporte e todas as orientações para encorajar a vítima a buscar ajuda e denunciar o crime”,
afirmou o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite.
O programa já funciona há um ano e dois meses na capital paulista e na região metropolitana. No período, mais de sete mil atendimentos já foram realizados, com 120 suspeitos conduzidos à delegacia e 35 permanecendo presos pelo descumprimento da medida protetiva ou violência doméstica.
Multiplicar o conhecimento
Para viabilizar a expansão do projeto de proteção às mulheres ao interior paulista, foram realizados cursos de capacitação no Copom de São Paulo para habilitar policiais que atuam em todo o estado a operar na cabine. A cabo Karoline Santana foi uma das alunas. Ela trabalha com despacho de ocorrências no Copom do CPI-2 há e agora será uma das atendentes do serviço exclusivo no local.
“O que mais me motiva é saber que todas as informações serão repassadas para essas mulheres, que muitas vezes não têm conhecimento de seus direitos e não sabem como e por onde procurar ajuda necessária”, diz a militar. “Muitas vítimas pensam que a violência é somente agressão. Existem outros tipos de violência como a psicológica, sexual, moral e patrimonial”,
complementa.
Karoline e mais três policiais passaram pelo treinamento realizado em outubro e dezembro do ano passado. As agentes tiveram aulas de psicologia, direito, redes de apoio, medidas protetivas e funcionamento das DDM (Delegacias da Defesa da Mulher). Além disso, também foram debatidos fatores comportamentais como a melhor forma de conversar, se expressar e o tom de voz adequado durante o atendimento.
Em breve, esse conhecimento será replicado a outras militares da unidade. “Quanto mais policiais treinadas, melhor será a qualidade do atendimento a essas mulheres em momento de fragilidade”, diz a policial.
Reforço de civis
O programa de proteção e rede de apoio à mulher passará a contar também com o reforço de pessoas civis. Inicialmente, a ideia é de que haja pelo menos uma pessoa treinada nos 11 Centros de Operações da PM do estado. A previsão de contratação é ainda para este ano.
O civil irá apoiar as policiais nas demandas relacionadas à Cabine Lilás como monitorar os atendimentos, analisando se estão sendo feitos de forma adequada, orientar vítimas que acionarem o 190 e fomentar a integração de órgãos que participam da rede de apoio às vítimas de violência doméstica.
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