Campinas iniciou nesta segunda-feira (27) os trabalhos de extração ou poda de 181 árvores condenadas na Lagoa do Taquaral, onde uma criança de 7 anos morreu após ser atingida por um eucalipto em janeiro. Segundo a secretaria de Serviços Públicos, a previsão é que a retirada leve cerca de 10 dias.
Os cortes começaram após equipes finalizarem a retirada total ou parcial de 55 eucaliptos que ficavam próximos ao que caiu e matou Isabela Fermino. A tragédia completou um mês na última sexta-feira (24).
Imagens registradas pela equipe de reportagem da EPTV Campinas nesta segunda-feira mostram o cenário na Lagoa, com muitas árvores e galhos cortados pela pista de caminhada, trechos próximos à Concha Acústica e na beirada da água. Espaços que antes eram arborizados, agora estão vazios. Muitos troncos de árvore seguem espalhados e árvores condenadas foram marcadas com “X” para serem cortadas (veja fotos abaixo).
Em entrevista, o diretor do DPJ (Departamento de Parques e Jardins) de Campinas, Luis Cláudio Mollo, afirmou que a intenção é pedir a reabertura do parque logo após a retirada das árvores. Ele explicou ainda que a retirada é uma medida de prevenção, em árvores que apresentam algum risco de queda. Algumas serão retiradas totalmente e outras serão retiradas parcialmente.
“É um trabalho preventivo, são árvores com pouco risco, mas com as chuvas fora de padrão que estamos tendo precisamos fazer um trabalho minucioso. Entramos hoje na Lagoa, e é uma área muito adensada, sombreada, acontece muito apodrecimento de galhos, árvores secam, é uma troca natural. Se fosse uma área de reserva não precisaria fazer nada, mas a Lagoa recebe 30 mil pessoas. Então a gente faz esse trabalho preventivo. Estamos retirando todos os riscos, no entorno da pista de caminhada, área de esporte, para poder pedir a liberação da Lagoa”, afirmou.
TRECHO BLOQUEADO E ‘NOVO PARQUE’
Com muitos galhos e troncos ainda caídos pelo parque, o diretor do DPJ afirmou que retirada das estruturas vai ser iniciada, mas que o trecho onde aconteceu a morte da criança ficará interditado.
“A área dos eucaliptos nós fomos tirando, derrubando, para tirar todos os riscos, não sabíamos se teria mais chuva forte. A partir de agora vamos iniciar a recolha de troncos, de árvores, e a área está isolada de tapume. Ou seja, se liberar a pessoa não vai conseguir fazer o trajeto inteiro no entorno, vai precisar voltar”, disse.
Segundo Mollo, os trabalhos no trecho preveem o plantio de novas árvores e restauração do trecho.
“Ali vai ficar fechado, vamos construir um ‘novo parque’ com árvores nativas, ambientes com piso intertravado, para depois da abertura. Mas vamos conseguir funcionar já o pedalinho e toda área de lazer, piquenique e esportes, para que a população retome a vida normal do parque”, afirmou.
O CORTE
A informação sobre o início da extração das árvores foi confirmada pela CBN Campinas no último sábado. Neste mês, um laudo elaborado pela Administração, e adiantado com exclusividade pela EPTV, apontou que ao menos 181 árvores precisariam ser extraídas ou podadas dentro da Lagoa do Taquaral.
A ação de cortes acontece na parte interna e externa do parque, para evitar novos acidentes. O documento foi concluído e emitido por especialistas a pedido do Ministério Público sobre a situação das árvores no Taquaral.
No dia da divulgação do laudo, a diretora técnica da secretaria de Serviços Públicos de Campinas, Marcia Calamari explicou sobre a necessidade de remoção.
“Nós temos dentro, na parte interna do parque Lagoa do Taquaral, 181 espécies comprometidas. Espécies secas, não são todas com altura significativa, mas estão comprometidas no aspecto fito-sanitário. E nós temos 45 de poda, na parte externa, no manejo periférico que chamamos, vão ser remanejadas 65 espécies, entre poda e supressão. Nós estamos encaminhando (o laudo) para a Promotoria e vamos começar a entrar com a equipe para fazer o manejo periférico. Isso é igual foi feito no Bosque dos Jequitibás: vamos podar aquelas que estão com galhos sobre a calçada e sobre a via, e as que estão comprometidas vamos erradicar”, disse.
UM MÊS DA TRAGÉDIA
A queda do eucalipto que causou a morte de Isabela completou um mês na última sexta-feira. Além de Isabela, outras duas pessoas ficaram feridas. Uma delas, a engenheira Gabriela Araújo, de 27 anos, terá que fazer fisioterapia para voltar a andar.
Desde o dia do acidente, a Lagoa segue interditada e equipes atuam na remoção de árvores que apresentam risco de queda no parque.
No dia 24 de janeiro, todos os parques da cidade foram fechados. Já no dia 4 deste mês, nove parques foram reabertos. Confira abaixo
Parques abertos:
- Lagoa do Jambeiro (Praça José Ferreira de Toledo), Parque Jambeiro
- Parque Ecológico Benevenutto Tilli, Jardim São domingos
- Praça da Juventude Alesssandro Monare, no DIC 5
- Parque Linear do Capivari, no Jardim Capivari
- Bosque Ferdinando Tilli, Parque Valença
- Bosque dos Cambarás, DIC 5
- Parque Dom Bosco, Vida Nova
- Bosque da Mata, Parque São Jorge
- Bosque Santa Bárbara, Parque Santa Bárbara
Parques que permanecem fechados:
- Lagoa do Taquaral
- Bosque dos Jequitibás, Bosque
- Lago do Café – Parque Taquaral
- Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim, Vila Brandina
- Parque dos Guarantãs, Jardim Nova Europa
- Bosque Ythzak Rabin, Jardim Madalena
- Bosque Chico Mendes, Parque São Quirino
- Bosque São José (Praça Francisco Vivaldi), Vila Lemos
- Bosque Augusto Ruschi. DIC1
- Bosque dos Italianos (Praça Samuel Wainer), Guanabara
- Bosque dos Alemães (Praça João Lech Júnior), Guanabara
- Parques das Águas, Parque Jambeiro
- Parque Luciano Valle, Vila União.
- Pedreira do Chapadão (Praça Ulysses Guimarães), Jardim Chapadão
- Bosque dos Artistas, Swift
- Parque Hermógenes Leitão de Freitas Filho, Barão Geraldo.