Campinas fechou 2022 com o total de 425.091 consumidores inadimplentes, segundo um levantamento da Serasa. O número mostra que 34,7% da população estimada hoje tem contas atrasadas. A cidade tem 1,2 milhão de habitantes, segundo o último balanço do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2021.
O balanço divulgado pela Serasa, a pedido da EPTV Campinas, mostra também que desde 2020 há aumento progressivo no número de moradores com contas atrasadas. Em dezembro de 2019, eram 395,9 mil. O número caiu para 379,6 mil em dezembro 2020. Depois do primeiro ano da pandemia, no entanto, o total de moradores que deixaram de pagar dívidas no período estipulado passou dos 400 mil.
Números de inadimplentes em Campinas por ano nos meses de dezembro:
- 2019: 395.925
- 2020: 379.616
- 2021: 400.022
- 2022: 425.091
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PESO NO BOLSO
A costureira Juliana Gonçalves da Silva está entre os devedores na cidade. Ela conta que, por causa da crise causada pela pandemia, precisa atualmente escolher qual conta pagar.
“Eu fui demitida, e na sequência meu marido foi demitido também e acabamos priorizando algumas contas como água, luz e alimentação, e aí o restante fomos deixando para depois”, explicou.
Juliana afirma que se esforça para recuperar as perdas financeiras, mas não têm sido fácil. “Estamos tentando pagar água e luz, mas vendo quais são as mais antigas para pagar e evitar o corte. Querer pagar a gente quer, mas infelizmente não tem como”, completou.
Para o jornalista Luiz Alexandre Rodrigues, os juros são os principais vilões de quem está tentando se reestabelecer financeiramente. “A gente fala: ‘não vou pagar nesse mês, deixa pro mês que vem’, e aí começa os juros sobre juros”.
Já a dona de casa Claudia Regina reforçou que o aumento nos preços nos últimos anos deixaram muitos em situação difícil. “Subiu muito o preço das coisas. A gente fica deixando de pagar pra conseguir comer, deixa de pagar para alimentar os filhos”, lamentou.
MOTIVOS
Segundo a Serasa, em 2020, nos meses de queda da inadimplência coincidiram com as campanhas de renegociação da Serasa, que aliado com pagamento de benefícios que ajudaram a mitigar esse aumento da inadimplência na região. Já nos últimos anos, a empresa explica que os fatores econômicos influenciaram no aumento de pessoas negativadas.
“De 2021 para cá o aumento da inadimplência é uma soma de diversos fatores relacionados ao contexto econômico atual, o aumento da inflação das taxas de desemprego e a flexibilização dos contratos no mercado de trabalho”, informou a empresa, citando outros fatores mais atemporais, como a ausência de educação financeira e falta de planejamento a longo prazo por parte dos consumidores, que contribuem para o aumento de inadimplentes no Brasil.
O QUE FAZER?
O presidente do IBEF (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças) Campinas, Valdir Augusto de Assunção indica que a primeira coisa a fazer diante de uma crise é se organizar.
“Faça um orçamento, um detalhamento de quanto você ganha, quanto entra no mês e quanto você gasta. Faça isso mensalmente e projete para os próximos 12 meses, porque aí pode ter tempo e ver que em determinado mês pode faltar, programando para reduzir determinados gastos possíveis, ou ver um trabalho extra, para saber o que sobra e evitar que gaste mais”, indicou.
O especialista financeiro ressaltou que pessoas endividadas devem priorizar as contas essenciais, mas tentar não deixar o resto acumular, e tentar negociar sempre.
“Tem que priorizar a necessidade básica, as demais dívidas negociá-las, mas não deixar elas se agigantar, porque se não depois fica praticamente impagável. E claro, tentar buscar renda extra”, afirmou.
SERASA LIMPA NOME
Segundo a Serasa, a plataforma Serasa Limpa Nome funciona durante todo o ano para que a população possa renegociar suas dívidas. No momento, há parceria para renegociação de dívidas com as universidades.
“Para reforçar os canais oficiais de atendimento da Serasa para quem busca renegociar as dívidas pela plataforma Serasa Limpa Nome no app, site da Serasa ou pelo telefone, onde todo o processo é gratuito. A renegociação também pode ser feita presencialmente em agências dos Correios, mediante apresentação de documento com foto e pagamento de uma taxa de R$3,60”, informou a empresa.