
O secretário de Saúde de Campinas, Lair Zambon, criticou hoje a operação do hospital de campanha nesta quinta-feira (25). Ele disse que a estrutura "não passa de marketing" já que a acomodação para o paciente com insuficiência respiratória é "muito ruim". A afirmação foi feita durante reunião na Câmara de Campinas, onde ele prestou contas sobre a pasta. Durante a noite, a ONG Expedicionários da Saúde, responsável pela estrutura repudiou a fala (leia mais abaixo).
Na reunião, ele também afirmou ser contra a volta às aulas presenciais na cidade, que foram adiadas para abril pela Prefeitura de Campinas após a afirmação de Zambon.
"Na verdade, o hospital de campanha, na minha opinião, não passa de um marketing. Eu acho que na verdade as acomodações do hospital de campanha para alguém que está com insuficiência respiratória ela é muito ruim, ao meu ver", disse. Para ele, é preferível usar estruturas de alvenaria.
O hospital provisório foi montado em maio de 2020 na sede dos Patrulheiros, na região do Parque Itália. Em agosto, ele foi desativado após a situação epidemiológica de covid-19 em Campinas ficar mais controlada. No período em que operou, passaram pelo hospital 614 pacientes, sendo registrados no local 28 óbitos até o final de julho. Até hoje, a estrutura segue montada depois de ser desativada.
COMO FUNCIONA
O hospital de campanha funciona com leitos de enfermaria, pois não tem estrutura para acomodar leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), que tem o respirador acoplado para os pacientes graves de covid-19, que possuem dificuldade em respirar. Na operação, feita no governo Jonas Donizette (PSB), foram gastos R$ 5 milhões.
"Tem um outro problema em relação ao hospital de campanha. Todos os dados nacionais hoje falam que ele fica 70% mais caro que as estruturas de alvenaria. Baseado nisso, acho que precisa cair esse mito de a gente reativar o hospital de campanha, principalmente porque acho que não é a melhor acomodação numa estrutura e numa cidade igual Campinas", finalizou.
REPÚDIO
Após a fala do secretário, a Associação Expedicionários da Saúde divulgou uma nota "repudiando veemente a declaração". No texto, os Expedicionários citam que mobilizaram uma grande rede de parceiros e doadores para que fosse possível oferecer ao sistema público de saúde da cidade de Campinas, gratuitamente, uma estrutura complementar que supriria uma provável escassez de leitos durante a primeira onda da pandemia.
"O Hospital de Campanha EDS, então, foi construído e totalmente equipado em tempo recorde, a custos muito abaixo da média de outros hospitais e entregue no dia 6 de maio à Rede Mário Gatti, autarquia responsável por toda gestão e custeio durante sua atividade", citou a nota, pontuando a ajuda dada.
"Em diversos períodos de seu funcionamento, o Hospital de Campanha EDS operou com sua total capacidade de atendimento, e, ainda assim, se fez necessária a instalação de novos 38 leitos no Hospital Municipal Mário Gatti, também equipados e totalmente custeados pela EDS. Diante do colapso do sistema de saúde local, o Hospital de Campanha teve papel fundamental no desafogamento dos centros de referência para tratamentos intensivos, que, por sua vez, puderam ofertar seus leitos para pacientes em estados mais graves" diz o texto.
"Ao contrário do que afirma o senhor Secretário Municipal de Saúde, a doação do Hospital de Campanha para o município de Campinas foi uma ação emergencial humanitária e voluntária, como forma de dirimir os impactos alarmantes que a Covid-19 trouxe para nossa região" finaliza.