O dirigível que passou pelo céu de várias cidades do Estado de São Paulo na última semana, em homenagem aos 150 anos do nascimento de Alberto Santos Dumont, o “pai da aviação”, foi visto novamente pelo céu na região de Campinas na manhã desta terça-feira (25).
A aeronave já tinha sido registrada na última quinta-feira (20), e chamou atenção de muitos moradores de Campinas que registraram imagens nas redes sociais. Nesta terça, a passagem do dirigível aconteceu ainda pela manhã, por volta de 9h30. Ele foi visto por moradores de Campinas e Valinhos e Americana, que registraram o voo do dirigível, que tem 49 metros de comprimento.
Em imagens feitas pelo cinegrafista Carlos Alberto Coutinho, foi possível registrar o dirigível com a foto de Santos Dumont e o logo da FAB (Força Aérea Brasileira).
O dirigível ADB-3-3, é fabricado em São Carlos pela Airship do Brasil, e sobrevoou as cidades relembrando os voos de Santos Dumont sobre Paris, entre o fim do século XIX e início do século XX. Na semana passada ele chegou a São Paulo e fez passeios pela capital, agora, a aeronave fez o trajeto de volta para pousar na cidade de origem.
COMO É O DIRIGÍVEL?
A aeronave é grande: tem 49 metros de comprimento e capacidade para levar seis passageiros e uma tonelada de carga. O ADB-3-3 recebeu certificação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em dezembro do ano passado e tem aplicações múltiplas. A máquina pode ficar até mais de uma semana flutuando no “modo balão” e que tem autonomia de seis horas de voo contínuo.
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VIDA E OBRA
Alberto Santos Dumont é considerado um dos precursores da aviação e da criação de aeronaves no mundo. Ele nasceu em 20 de julho de 1873, no sítio Cabangu. O local passou, em 1890, a pertencer ao município de Palmyra, em Minas Gerais, um dos bens tombados sob tutela da Força Aérea Brasileira.
Ele era filho de Francisca Santos Dumont, de tradicional família portuguesa que veio para o Brasil em 1808, com D. João VI, e de Henrique Dumont, engenheiro civil de obras públicas que, anos mais tarde, se tornou cafeicultor em Ribeirão Preto (SP). De ascendência francesa, Henrique Dumont influenciou a trajetória do filho Alberto, direcionando os estudos do rapaz para a mecânica, física, química e eletricidade, dado o seu interesse pelo funcionamento de máquinas da fazenda.
O sonho de voar de Alberto surgiu aos 15 anos, quando ele viu um balão livre nos céus de São Paulo. Esse tipo de balão faz sua ascensão sem possuir nenhum tipo de dirigibilidade, ficando ao sabor das correntes aéreas. Emancipado pelo pai, o jovem Alberto, de 18 anos, viajou para Paris para completar os estudos e perseguir o seu sonho de voar.
Ao chegar à capital francesa, ele se admira com os motores de combustão interna a petróleo que começavam a aparecer impulsionando os primeiros automóveis e compra um para si, investigando todo o seu funcionamento. Logo estava promovendo e disputando as primeiras corridas de automóveis em Paris.
Aos 24 anos, teve sua primeira decolagem bem-sucedida a bordo de um balão livre alugado. Um ano depois, em 1898, projeta e constrói, com a ajuda de operários e construtores de balões franceses, seu primeiro balão livre, que recebeu o nome de Brasil, o menor balão tripulado já feito, homenageando seu país de origem. Logo em seguida, Santos Dumont inventou os balões dirigíveis.
Em 1901, pilotou seu balão Número 6, movido a gasolina, sobre Paris, e ganhou prêmio de 100 mil francos por seu feito. Tornou-se o centro das atenções, despertando o interesse militar para seus balões. Após o sucesso conquistado com balões e dirigíveis, Santos Dumont partiu para outra linha de pesquisa que era voar com um veículo mais pesado que o ar.
O primeiro salto no ar do 14 Bis ocorreu no dia 7 de setembro de 1906, mas faltou potência. Em outubro do mesmo ano, com motor Antoinette de 50 HP, o 14 Bis voou, decolando, mantendo-se no ar por uma distância de 60 metros, a três metros de altura, e aterrissou. Foi o primeiro voo homologado do mais pesado que o ar para uma multidão de testemunhas eufóricas no campo de Bagatelle, em Paris.
No dia seguinte, toda a imprensa francesa enalteceu o fato histórico, o triunfo de um obstinado brasileiro, que, pelo feito, conquistou o prêmio Archdeacon oferecido pelo Aeroclube de França. O dinheiro do prêmio foi distribuído entre operários e pobres de Paris, como era o costume do inventor.
Santos Dumont se tornou uma celebridade conhecida mundialmente. Em 1909, ele voou no avião Demoiselle, um dos primeiros aeroplanos do mundo, que se tornou um sucesso comercial. O inventor brasileiro trabalhou também em melhorias no desenho do avião, entre os quais a adição de cauda vertical para melhor estabilidade e controle.
Seus projetos foram aperfeiçoados por outros aviadores e projetistas, uma vez que ele não os patenteava. Sua ideia era dotar a humanidade com meios que facilitassem as comunicações. Por isso, ficou desgostoso com o uso agressivo que o avião teve na Primeira Guerra Mundial.
Em 31 de julho de 1932, a cidade de Palmyra, em Minas Gerais, passou a ser conhecida como Santos Dumont, em homenagem ao pai da aviação.
RETORNO
Em 1914, durante a Primeira Guerra Mundial, Santos Dumont retornou ao Brasil, sendo recebido com festa pela população. Ele morreu em 23 de julho de 1932, em Guarujá (SP), mas seu legado vive até hoje. Seu coração está preservado sob a custódia da Força Aérea Brasileira e encontra-se em exposição no Museu Aeroespacial, no Rio de Janeiro.
Em 4 de julho de 1936, a Lei 218 declarou o dia 23 de outubro como o Dia do Aviador, homenageando, assim, o primeiro voo do mais pesado que o ar. No mesmo ano, o primeiro aeroporto do Rio recebeu o nome do aeronauta. Na década de 1970, ele foi considerado Engenheiro Honoris Causa pela Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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