Mulheres com mais de 40 anos morrem mais por doenças cardíacas do que por câncer. É o que mostram dados da secretaria de Estado da Saúde. A menopausa é apontada como um fator de risco importante para o agravamento dos problemas cardíacos.
A administradora hospitalar Vilma Eliana Sanfelisse Michetti sentiu uma queimação na região do estômago que irradiava para as costas. Achou que era apenas uma indisposição. Na época, trabalhava em um consultório médico e comentou o mal-estar com a secretária do local.
“Ela se atentou que eram sintomas de infarto. Ligou para o médico do Samu, que pediu um eletrocardiograma. Ela mesma me colocou na máquina e, quando o médico chegou, o exame nem tinha terminado e ele já viu uma alteração. Me levou direto para a Santa Casa”,
conta.
Vilma passou por uma angioplastia primária, procedimento de emergência que restaura o fluxo sanguíneo para o coração. O susto aconteceu no ano passado, quando ela tinha 56 anos – três anos após entrar na menopausa.
“Comecei a engordar, principalmente na região abdominal, e estava muito sedentária na época. Acho que tudo isso contribuiu. Eu não imaginava que a menopausa teria tanta influência, até começar a estudar e descobrir que ela é mesmo um fator de risco.”
Relação entre menopausa e doenças cardíacas
Segundo o cardiologista Agnaldo Piscopo, o hormônio feminino responsável pelo ciclo menstrual também protege o coração. Com a chegada da menopausa, essa proteção se perde.
“O hormônio que faz esse ciclo menstrual, o hormônio feminino, ele é um fator protetor do coração, da doença cardiovascular. A mulher que entra na menopausa, ela praticamente iguala os fatores de risco em relação ao homem”,
explica.
Problemas cardiovasculares matam mais que o câncer
Dados da secretaria da Saúde mostram a dimensão do problema. Em 2024, 23.453 mulheres acima dos 40 anos morreram em decorrência de doenças cardiovasculares no estado de São Paulo. No mesmo período, somadas todas as mortes por câncer de mama, colo do útero, cólon, reto, ânus e pulmão entre mulheres, foram registrados 12.910 óbitos.
A mudança hormonal provoca diversas alterações metabólicas. “A menopausa altera o corpo. Muitas vezes, aumenta os índices glicêmicos, há tendência ao diabetes, alteração no colesterol, aumento de peso – tudo isso eleva também a pressão arterial. O resultado é um estado inflamatório que sobrecarrega o organismo”, ressalta o cardiologista.
A importância dos exercícios físicos contra doenças cardíacas
Diante desse cenário, o exercício físico se torna essencial. Corrida, musculação, natação e ciclismo estão entre as atividades que ajudam a proteger o coração.
“O ideal é praticar, pelo menos, uma atividade de intensidade moderada cinco vezes por semana, com duração de 30 a 40 minutos por dia”,
recomenda Piscopo.
Vilma chegou a engordar oito quilos em pouco tempo e, antes do infarto, os exercícios e bons hábitos não faziam parte da rotina. Mas isso mudou completamente.
“Foi uma virada de chave total. Estou em um ritmo frenético com as atividades físicas, alimentação equilibrada, continuo tomando os remédios prescritos pelo cardiologista, mas hoje levo uma vida realmente saudável”,
garante.
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