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CotidianoEntenda o motivo do risco de morte por covid-19 ser maior entre homens

Entenda o motivo do risco de morte por covid-19 ser maior entre homens

O risco de morrer por causa da covid-19 é quase duas vezes maior se o paciente for do sexo masculino, e essa taxa mais alta de mortalidade pode estar ligada, em parte, a diferenças biológicas entre os sexos

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O risco de morrer por causa da Covid-19 é quase duas vezes maior se o paciente for do sexo masculino. (Foto: Karen Fontes/Código 19)

 

REINALDO JOSÉ LOPES
SÃO CARLOS, SP (FOLHAPRESS) – O risco de morrer por causa da covid-19 é quase duas vezes maior se o paciente for do sexo masculino, e essa taxa mais alta de mortalidade pode estar ligada, em parte, a diferenças biológicas entre os sexos, diz uma dupla de pesquisadores da Universidade Yale (EUA).  

Takehiro Takahashi e Akiko Iwasaki apresentaram os dados disponíveis até o momento sobre essa possibilidade em artigo na revista especializada Science. Embora eles ressaltem que não é possível deixar de lado fatores comportamentais e sociais (os diferentes papéis de gênero atribuídos a homens e mulheres mundo afora, por exemplo) como explicação parcial para a maior mortalidade masculina, os especialistas apontam que fatores hormonais, de imunidade e mesmo genéticos também poderiam estar em jogo.   
 
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Em muitos lugares do mundo, os homens vão ao médico com menos regularidade e são mais desleixados com a própria saúde do que as mulheres. Mas o sexo masculino também parece ser, de modo geral, mais vulnerável a infecções e com sistema imune (de defesa do organismo) mais fraco – algo que tem sido observado não apenas no Homo sapiens como também em outras espécies. Em seres humanos, os homens costumam ter carga viral (ou seja, quantidade de vírus no organismo) mais alta no caso de patógenos como os causadores da hepatite B e da Aids.  

Tudo indica que uma das razões para essas diferenças é o sistema hormonal distinto. Em média, os hormônios mais importantes para o organismo feminino, como o estrogênio, tendem a aumentar a eficácia do sistema imune, enquanto a testosterona, que influencia as características sexuais masculinas (maior presença de pelos, musculatura mais forte etc.), tem efeito contrário, “deprimindo” as defesas do organismo.  

Alguns estudos já mostraram uma correlação direta entre tais fatores e a presença ou gravidade da covid-19. Homens com câncer de próstata que fazem tratamento para diminuir a presença de hormônios masculinos no organismo, por exemplo, parecem correr menos risco de adquirir o novo coronavírus. Já mulheres com níveis mais elevados de estradiol (uma das principais formas do estrogênio) têm menos chance de desenvolveram formas graves da doença.  

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Um dos motivos pode ser a distribuição dos receptores (“fechaduras” moleculares) aos quais o vírus Sars-CoV-2, causador da doença, conecta-se ao invadir as células humanas. A presença desses receptores parece ser regulada pelo estrogênio, o que talvez dificultasse a entrada do vírus em células do organismo de mulheres. Todos esses fatores hormonais também podem afetar pessoas transsexuais de ambos os gêneros, em especial se elas estiverem recebendo terapia hormonal (de hormônios masculinos no caso de homens trans ou femininos no caso de mulheres trans). 

E há ainda os fatores genéticos. Como se sabe, o mais comum é que homens tenham dois cromossomos sexuais diferentes (X e Y), estruturas enoveladas do núcleo celular que normalmente determinam sua masculinidade. Já as mulheres, via de regra, têm dois cromossomos X.  

Acontece que justamente o cromossomo X abriga genes (grosso modo, regiões funcionais do DNA) que contêm a receita para a produção de moléculas importantes para o reconhecimento de vírus, desencadeando assim certas defesas contra invasores virais. Como as mulheres carregam duas cópias desse cromossomo, há a possibilidade de elas terem uma diversidade maior desses genes na ativa, o que seria outro fator de proteção extra para elas no primeiro contato com o Sars-CoV-2.
Se esses primeiros indícios forem confirmados, fará sentido produzir campanhas de prevenção voltadas especificamente para o público masculino, por exemplo, ressaltando que os homens, em especial os mais velhos, correm risco aumentado em relação à pandemia.

Possíveis desvantagens da biologia masculina diante da Covid-19

Genética e hormônios podem atrapalhar reação dos homens ao vírus

1) CROMOSSOMOS
Há uma diferença importante nos cromossomos sexuais da maioria dos homens e mulheres: em geral, homens possuem cromossomos X e Y, enquanto as mulheres têm dois cromossomos X
O cromossomo X abriga alguns genes importantes para a reação a invasores virais; com duas cópias desses genes, as mulheres poderiam estar relativamente mais protegidas que os homens

2) HORMÔNIOS
O estrogênio, um dos principais hormônios femininos, parece ter um impacto sobre a presença dos receptores “fechaduras” moleculares usadas pelo vírus da Covid-19 para invadir as células, o que poderia ser outro fator protetor para as mulheres

3) ENVELHECIMENTO E INFLAMAÇÃO
Mudanças no sistema imune masculino durante o envelhecimento, que acontecem por volta de cinco anos antes do que no organismo feminino, em média, tornam-no mais vulnerável a processos inflamatórios justamente o que é exacerbado durante casos graves de Covid-19

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Luciana Félix
Luciana Félixhttps://www.acidadeon.com/campinas/
Supervisora de conteúdo digital do acidade on e do Tudo EP. Entrou no Grupo EP em 2017 como repórter do acidade on Campinas, onde também foi editora da praça. Antes atuou como repórter e editora do jornal Correio Popular e do site do Grupo RAC. Também atuou como repórter da Revista Veja, em São Paulo.
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