O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) divulgou relatório preliminar sobre a queda do avião da Voepass nesta sexta-feira (6), sem apontar as causas do acidente.
Apesar disso, o documento traz informações importantes, principalmente sobre a possibilidade de formação de gelo. De acordo com o relatório, os tripulantes teriam relatado falha no sistema antigelo. Além disso, o sistema de proteção foi ligado e desligado diversas vezes durante o percurso, mesmo enquanto a aeronave emitia sinais de alerta – leia mais abaixo.
O acidente aéreo aconteceu no dia 9 de agosto em Vinhedo. A aeronave fazia o voo 2283, entre Cascavel (PR) e Guarulhos (SP). Ao todo, 62 pessoas morreram, sendo 58 passageiros e quatro tripulantes.
De acordo com o chefe do Cenipa, brigadeiro Marcelo Moreno, todas as informações precisam ser esclarecidas, para que seja possível identificar o que pode ter causado a queda da aeronave.
“Quando investigamos, nós estamos montando um quebra-cabeças. Para montar um quebra-cabeças, você necessita primeiro saber se você tem todas aquelas peças, para depois começar a organizá-las e lá na frente, fechar um quadro que vai nos mostrar o que pode ter acontecido. Nós estamos na etapa justamente de tentar identificar todas essas peças do quebra-cabeça”,
explicou durante coletiva de imprensa.
O que falta saber sobre acidente com avião da Voepass?
O relatório preliminar trouxe informações importantes coletadas das caixas-pretas do avião, que armazenam o áudio da cabine e outras informações, como altitude, velocidade, posição dos manetes e outros dados técnicos.
- Tripulação reportou falha no sistema antigelo: as gravações apontam que a tripulação reportou uma falha no sistema antigelo. No entanto, os dados coletados até o momento não permitem confirmar se essa falha realmente ocorreu e se teve impacto no desempenho da aeronave.
- Sistema antigelo do avião foi ligado e desligado diversas vezes: de acordo com o relatório, o sistema de detecção de gelo alertou os pilotos pelo menos seis vezes durante o voo. O sistema antigelo, por sua vez, foi ativado e desativado cinco vezes, conforme os registros. Não foi possível determinar se ele foi desligado manualmente ou se apresentou algum problema técnico, mas a tripulação havia relatado uma falha logo no início do trajeto.
- Condições meteorológicas: as análises de condições meteorológicas, que estavam disponíveis antes da decolagem, confirmavam a condição de formação de gelo severo na rota. No entanto, ainda será necessário apurar a temperatura e umidade exatas no momento do acidente para compreender a quantidade de formação de gelo.
- Treinamento dos pilotos: de acordo com relatório preliminar do Cenipa, os pilotos haviam cumprido treinamentos teóricos e práticos, inclusive para emergências e gerenciamento de voo em condições de formação de gelo. Mas, ainda será necessário apurar o desempenho da tripulação técnica ante a situação.
- Manutenção da aeronave: O documento também afirma que o avião estava com registros de manutenção atualizados. Porém, os investigadores ainda irão analisar a condição de aeronavegabilidade, com especial atenção aos sistemas antigelo e de proteção contra a perda de sustentação da aeronave.
Três principais linhas de investigação:
- fator humano – que irá apurar o desempenho da tripulação técnica ante a situação;
- fator material – que investigará a condição de aeronavegabilidade, com especial atenção aos sistemas anti-icing, de-icing e de proteção contra a perda de sustentação da aeronave; e
- fator operacional – que analisará os elementos relacionados ao ambiente operacional que podem ter levado ao acidente.
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