A ex-funcionária de 22 anos que acusa o deputado federal Walter Tato (Podemos) de importunação sexual em Hortolândia afirmou que foi agarrada pelo político. “Ele me agarrou dentro do apartamento dele, segurou meus braços e começou a pedir beijo”, disse Kathleen Camargo em entrevista à EPTV Campinas. Nesta quinta-feira (15), ela solicitou uma medida protetiva contra Tato. Ele foi preso ontem (14).
A vítima relata ainda que trabalhava para Walter na campanha de 2020, quando atuava como fotógrafa e secretária do candidato. No trabalho, no entanto, ela afirma que o candidato a assediava e chegou até mesmo a segurar ela, tentando beijá-la.
“Ele passava a mão em mim e teve um dia específico que eu precisava buscar um medicamento, e a namorada dele era médica e conseguia os medicamentos (…) logo após uma reunião de noite ele falou: ‘vamos lá buscar’. Quando eu cheguei a namorada não estava no apartamento. Aconteceram muitas coisas no carro que não quero nem mencionar, porque é muito ruim, eu estar dentro do carro e a pessoa fazer coisas comigo. Eu tirava a mão dele da minha perna, falava para ele me respeitar e de nada adiantava. Ele me agarrou dentro do apartamento dele, segurou meus braços e começou a pedir beijo”, relatou Kathleen.
“Eu tampei minha boca e saí correndo para o outro lado da sala. Nesse momento meu pai me ligou falando que ia me buscar, foi Deus que pediu para o meu pai me ligar porque outra coisa poderia acontecer”, completou. A defesa de Walter Tato contestou a prisão e afirma que o candidato é inocente. A advogada afirma que há provas e testemunhas e atribui a prisão a uma “perseguição política” (leia mais abaixo).
LEIA MAIS
Vídeo mostra momento em que PM reage à tentativa de assalto em Valinhos
Entregador luta com ladrões e evita roubo de moto em Campinas; vídeo
MEDO DE DENUNCIAR
A vítima afirma que esperou a campanha acabar para fazer a denúncia porque tinha medo de retaliação contra a mãe dela, que era candidata à vereadora pelo mesmo partido de Tato.
“Eu não sei por que deixei ele fazer tudo isso comigo. Minha mãe na época era candidata a vereadora com ele, eu pensava que se eu falasse ele poderia tentar prejudicar ela de alguma forma ou se meu pai descobrisse poderia tentar alguma coisa, foi muita coisa que tive que guardar. Aconteceu outras coisas mas é muito ruim de pensar, a pessoa fazia algo e eu presa sem poder fazer nada, só estava trabalhando”, desabafou.
Kathleen afirma que se sentiu aliviada com a prisão, mas afirma que ainda tem medo de retaliação. Ela rebate a defesa, que afirma que a acusação seria por perseguição política.
“Foi difícil, ele tentou usar a mídia para parecer que estava sendo acusado depois de sair de campanha, que era por interesse. Porque eu vou denunciar uma pessoa em uma coisa tão grave por interesse? Meu namorado foi perseguido de intimidarem ele, pedindo para eu retirar a queixa, que eu estava fazendo a coisa errada. Ele (Tato) falou que não existia nada, que era mentira e eram interesses políticos. Eu não estou apoiando nenhum político, não me envolvi com política depois disso e peguei até raiva”, finalizou.
O CASO
Wagner Tato foi detido na noite de ontem (14) em Hortolândia, por uma acusação de 2020 sobre crimes sexuais. Tato era considerado procurado da Justiça e foi preso depois de sair da sede do comitê eleitoral, no Jardim Amanda. Ele foi parado por policiais do Baep (Batalhão de Ações Especiais da Polícia Militar), que cumpriram um mandado de prisão preventiva.
Segundo o Baep, o mandado foi expedido pela 1° Vara Criminal da Comarca de Hortolândia, por crimes de estupro e importunação ofensiva ao pudor. Em entrevista à EPTV, a coordenadora geral da campanha do candidato, Nelita Rocha, disse que o mandado foi uma surpresa.
“Nós estávamos em uma campanha na rua, todos os dias, andando nas casas, fazendo ‘bandeiraço’, então ninguém estava se escondendo. Saiu na semana passada o despacho do juiz dando 10 dias para que ele apresentasse a defesa. Esses 10 dias começaram a contar, hoje acho que é o terceiro ou quarto dia nisso, e a surpresa foi exatamente isso, enquanto a gente prepara uma defesa, tem uma ordem que é emitida sem publicação pedindo a prisão dele”, declarou.
Procurada, a advogada de defesa do candidato, Raquel Sales, afirma que há provas e testemunhas e atribui a prisão a uma “perseguição política”.
“Acontece que agora quando ele lançou a candidatura a deputado federal, veio uma denúncia do Ministério Público não de importunação sexual, mas um pouco exagerada, de tentativa de estupro. Não tem prova nenhuma, é a palavra da vítima contra a palavra do réu, mas o promotor de Justiça fez a denúncia e já pediu a prisão preventiva. Com o pedido da prisão preventiva, nós já fizemos um habeas corpus pedindo salvo conduto e iniciou o julgamento ontem, e agora vamos buscar revogação da prisão preventiva, eis que é uma prisão ilegal. Os fatos ocorreram há dois anos, porque a prisão só agora que lançou campanha? Nós vamos continuar lutando, temos muitas provas e testemunhas que se trata de perseguição política”.