Nenhuma das 218 escolas municipais de Campinas possui psicólogo à disposição dos estudantes e professores das unidades. Na rede pública como um todo, a presença desses profissionais é de apenas 2%, segundo dados de uma pesquisa do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas) de 2023.
Esse cenário acende um alerta na educação da cidade e preocupa diversas famílias, pela falta de suporte para os alunos em diversas questões que podem enfrentar ao longo da vida escolar. Além disso, a ausência de psicólogos descumpre até mesmo uma lei federal que entrou em vigor em 2019 e determina a obrigatoriedade de uma rede de apoio nas escolas.
Falta de psicólogos em Campinas
Campinas tem ao todo 662 escolas, em que 392 são públicas e 270 privadas. Veja o percentual de ocupação do quadro de psicólogos nas escolas públicas, segundo o Inep:
- 218 escolas municipais: 0% têm psicólogos;
- 173 escolas estaduais: 4% têm psicólogos;
- 1 escola federal: 100% têm psicólogos para atender os alunos e professores.
Na prática, apenas 6% das escolas da cidade de Campinas contam com esses profissionais, com relação a dados fechados de 2023.
O percentual é maior nas escolas privadas, em que das 270 unidades, 11,9% possuem psicólogos. Mas ainda assim essa quantidade é insuficiente, segundo pesquisadores.
De acordo com a Prefeitura, seriam necessários ao menos 50 profissionais para dar conta de toda a rede municipal, que abrange cerca de 70.000 estudantes. Já nas estaduais, o Governo de São Paulo comunicou que apenas 17 psicólogos se revezam atualmente entre as 173 unidades da cidade.
Lei federal determina rede de apoio
Os dados que mostram a falta de psicólogos nas escolas de Campinas evidenciam uma realidade muito distante da Lei 13.935, que entrou em vigor em dezembro de 2019. Ela determina que escolas da rede básica tenham profissionais suficientes para o acolhimento, o desenvolvimento e para encontrar soluções para as unidades de ensino.
O texto não especifica a obrigatoriedade de ter ao menos um profissional em cada escola. Ele apenas determina que a rede deve contar com os serviços de psicologia para atender as necessidades e prioridades definidas pelas políticas de educação, mas os pesquisadores alertam que essa convivência no dia a dia faz a diferença.
Preocupação das famílias
Um dos exemplos da preocupação com essa falta de apoio está na família da trabalhadora autônoma Andrelina Silva. Laura é a sua filha mais nova e estuda em uma creche municipal, mas a mãe nunca teve acesso a uma psicóloga dentro da escola. Ela reconhece que o trabalho desses profissionais seria importante.
“Para o desenvolvimento da criança para a estrutura escolar, apoio emocional e também com certeza, desenvolvimento psicólogo da criança. Sem dúvida é uma área que é muito, muito importante para apoio até mesmo para os próprios educadores”, comentou.
Já a analista financeira Marcela Reis tem dois filhos que são alunos de uma escola estadual de Campinas. Ela conta que as próprias mães acabaram criando uma rede de apoio para compensar essa falta de psicólogos, propondo oficinas e projetos para interligar as famílias com os colégios.
“Se nós estamos falando de pessoas que vem da periferia, nós estamos falando de famílias desestruturadas, nós precisamos falar de psicologia, para entender de forma precoce o que está acontecendo e até mesmo para ter uma gestão de conflitos e a gente pensar lá na frente no que a gente pode ajudar esses alunos e essas famílias”, disse.
Importância do apoio psicológico
Os profissionais formados na área da psicologia contribuem para o desenvolvimento saudável dos estudantes, conforme explicou Ana Aragão, professora de psicologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que desenvolve pesquisas sobre o comportamento escolar e trabalhar nesta escola de ensino infantil.
“O psicólogo é o profissional que ele é preparado para trabalhar com questões de convivência saudável com o relacionamento. Então o psicólogo precisa estar dentro da escola para fazer formação continuada dos professores”, afirma.
Ela ainda ressalta que ter um psicólogo que atenda a várias escolas também não adianta. “Muitas vezes, equivocadamente, o psicólogo é chamado na escola e não faz parte da equipe para poder resolver questões pontuais. Mas se a gente não trabalhar com a formação do aluno, com a formação do professor, com a formação da equipe da escola ao longo de um tempo, não resolve”.
Uma escola de Campinas que prepara os alunos para o vestibular conta com uma equipe de psicólogos e mostra a importância desse apoio.
A psicóloga e orientadora educacional, Mariana Viviani, relata que a convivência com os alunos é fundamental. “Isso faz muita diferença para eles nos procurarem nos momentos que eles precisam. Tudo o que é emocional e o que também é pedagógico a gente vai cuidar”.
O que diz a Prefeitura e o Estado?
Em nota à EPTV Campinas, a Prefeitura comunicou que prevê a contratação de 50 psicólogos para as escolas municipais ainda neste ano, em que um concurso público será aberto para a contratação desses profissionais. Porém, a Administração disse que ainda não definiu a estratégia de atuação para atender as demandas de todas as escolas da rede.
O Estado também disse que vai fazer concurso neste ano para contratar mais psicólogos. Atualmente, a presença do psicólogo é semanal nessas escolas.
*Com informações de Jorge Talmon/EPTV Campinas
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