O governo de São Paulo orientou os municípios do Estado a manter a vacinação de adolescentes sem comorbidades. A decisão veio após uma nova nota emitida pelo Ministério da Saúde voltar atrás, e passar a não recomendar mais a vacinação no público de 12 a 17 anos sem doenças prévias.
A vacinação dos jovens de 12 a 17 anos começou em SP no dia 18 de agosto e já foram imunizadas cerca de 2,4 milhões de pessoas, ou seja, 72% deste público. O governo paulista diz lamentar a decisão da Saúde, citando que a medida cria insegurança em milhões de famílias.
Em Campinas, a secretaria de Saúde disse que foi orientada pelo governo estadual a continuar a vacinação. Na cidade, segundo a Prefeitura, a aplicação de vacina nos adolescentes agendados segue acontecendo. Já o agendamento esta fechado.
“O governo de São Paulo lamenta a decisão do Ministério da Saúde, que vai na contramão de autoridades sanitárias de outros países. A vacinação nessa faixa etária já é realizada nos EUA, Chile, Canadá, Israel, França, Itália, dentre outras nações. A medida cria insegurança e causa apreensão em milhões de adolescentes e famílias que esperam ver os seus filhos imunizados, além de professores que convivem com eles”, diz a nota do Estado.
Segundo o governo, três de cada dez adolescentes que morreram por covid em São Paulo não tinham comorbidades.
“Coibir a vacinação integral dos jovens de 12 a 17 anos é menosprezar o impacto da pandemia na vida deste público. Este grupo responde ainda por 6,5% dos casos e, assim como os adultos, está em fase de retomada do cotidiano, com retorno às aulas e atividades socioculturais”, ressaltou.
“Infelizmente, e mais uma vez, as diretrizes do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde chegaram com atraso e descompassadas com a realidade dos estados, que em sua maioria já estão com a vacinação em curso”, finalizou.
A MEDIDA
O Ministério da Saúde emitiu uma nota informativa nesta quarta-feira (15) em que volta atrás sobre a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades (doenças prévias). Agora, a orientação do ministério é que não seja feita a vacinação de adolescentes na faixa etária dos 12 aos 17 anos, que não tenham nenhum tipo de doença.
Segundo a Saúde, houve uma revisão da imunização. Com isso, a Pasta passa a recomendar a aplicação da vacina contra a covid-19 somente em adolescentes que têm entre 12 e 17 anos e que apresentem deficiência permanente, comorbidade ou que estejam privados de liberdade.
A nota informativa desta quarta contraria uma outra publicada pela pasta em 2 de setembro, que recomendava a vacinação para esses adolescentes a partir do dia 15.
Em ofício, o Conass (Conselho Nacional de Secretarias de Saúde) e o Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) pediram na manhã desta quinta um posicionamento da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) sobre a aplicação da vacina em adolescentes de 12 a 17 anos. Em junho, a Anvisa autorizou a aplicação da vacina da Pfizer em adolescentes a partir de 12 anos.