Aos 62 anos, o analista de sistemas Vinícius Lanzoni Gomes mostrou que nunca é tarde para correr atrás de seus sonhos. Entusiasta por esportes e bicampeão brasileiro máster de salto em altura, sendo o último prêmio conquistado em 2022, o carioca não pretende descansar em sua aposentadoria e acaba de conquistar uma vaga no curso de ciências do esporte na Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), da Unicamp, em Limeira.
“Meu sonho sempre foi cursar algo na área de Educação Física quando me aposentasse, pelo simples prazer de aprender mais a respeito, pois sempre tive uma prática intensa em diferentes esportes. Entrar na Unicamp foi uma vitória pessoal muito grande, que trouxe nesta altura da minha vida uma enorme sensação de dever cumprido”, afirmou.
Com o início das aulas, Vinícius estará caminhando para a sua terceira graduação. Apesar do entusiasmo e animação, a nova formação irá exigir do calouro muita disposição.
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Morador de Jacareí, Gomes irá fazer uma rotina puxada entre o home office, faculdade, treinos como atleta e cuidados com a família. Sendo pais de filhos já formados, um médico e uma advogada, o aposentado está realizado em poder cursar uma universidade após os 60 anos.
“Quase desisti do curso por conta do investimento financeiro e da logística necessários, mas a ajuda dos professores da FCA está sendo fundamental para prosseguir”, afirma.
A história de Vinícius é o oposto do que ocorreu em Bauru. O caso de etarismo repercutir nas redes sociais na última semana, tendo como vítima, a universitária Patrícia Linares de 44 anos, que foi zombada por colegas de sala de uma universidade por estudar com mais de 40 anos. O vídeo em questão viralizou no dia seguinte no Twitter.
Nas imagens, uma das universitárias ironiza: “Gente, quiz do dia: como ‘desmatrícula’ um colega de sala?”. Logo depois, outra responde: “Mano, ela tem 40 anos já. Era para estar aposentada”. “Realmente”, concorda a terceira. Em seguida, a estudante que grava o vídeo diz: “Gente, 40 anos não pode mais fazer faculdade. Eu tenho essa opinião”. Elas chegam a dizer que a mulher “não sabe o que é Google”.
“Foi uma brincadeira de mau gosto por pessoas preconceituosas ou imaturas. Eu lamento, acho uma besteira tão grande. Isso não me atinge. Se fosse comigo, estaria desdenhando e de cabeça erguida”, comenta o calouro.
PAIXÃO DE LONGA DATA
Vinícius sempre se interessou por técnicas de treinamento e suplementação. Ele sempre leu a respeito e se manteve antenado com o universo dos esportes em geral. “Saber mais sobre o assunto sempre foi um objetivo na minha vida, a ponto de estabelecer como meta cursar o ensino superior na área”, disse.
Após a conclusão do curso, a ideia do servidor federal é tentar um espaço no mercado de trabalho por amor à área, mesmo sem ter retorno financeiro.
Sua expectativa é transmitir para crianças, jovens e idosos a importância da atividade física e do esporte para a longevidade com qualidade de vida.
“Sempre idealizei, ao envelhecer, poder me tornar um exemplo das vantagens de se levar uma vida equilibrada e pautada pela atividade física frequente e regular”, acrescenta.
ORGULHO DOS FILHOS
Em sua rede social, a filha do calouro aposentado prestou uma homenagem à sua nova conquista:
“Parabéns, pai, por ser o homem íntegro, honesto, generoso, ousado e grandioso que sempre foi. Obrigada por implicar desde sempre comigo, em cada detalhe, e, com isso, me fazer ser uma mulher que não tem medo de se impor em ambientes, por vezes, tão competitivos e masculinos. E, para além disso, obrigada por nunca se negar a me proteger”, escreveu na postagem.
Além de elencar todas as qualidades do patriarca, a advogada Maria Vitoria Lanzoni ainda brincou com a Unicamp sobre seu mais novo aluno.
“Que a Unicamp esteja preparada para receber o calouro “velhinho” que mais salta no Brasil”.
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