A unidade do IFSP (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo) de Campinas elaborou um plano de contingenciamento de gastos após um bloqueio de verba do Ministério da Educação.
O bloqueio de dotações orçamentárias foi informado pelo Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira) do governo federal.
A princípio, o bloqueio nacional, anunciado no fim de maio, seria de 14,5%, que representaria um corte total de R$ 3,2 bilhões, impactando diretamente o orçamento anual de institutos e universidades federais. O governo no entanto, voltou atrás e reduziu o corte para 7,3%.
Em Campinas, o bloqueio representa 18,5% do saldo restante do orçamento do ano do IFSP, localizado no bairro Cidade Satélite Íris, causando a redução de um total de R$ 154 mil na verba que seria executada neste segundo semestre.
CORTES
Na última semana o plano de contingenciamento de gastos foi apresentado para os estudantes do campus de Campinas.
“Aconteceram quatro reuniões, e o que eu posso dizer é que foi triste, são notícias tristes do que a gente tem que fazer pra continuar existindo ali, cortes que temos que ter, e quando são cortes não é que a gente estava gastando muito, são cortes como diminuir consumo de água, luz. E a gente não faz nada que consuma além do necessário”, contou o estudante de analise e desenvolvimento de sistemas, Marcos Vinicius Silva Magalhães.
“Tiveram propostas de desligar um bloco inteiro pra poupar dinheiro, a gente tava falando ali em como diminuir a qualidade do nosso ensino, como sobreviver, porque muitos campi não vão conseguir”, acrescentou.
O diretor geral do campus, explicou que com os avisos de corte a unidade precisou reavaliar todos os contratos na tentativa de poupar recursos.
“A gente vai ter que fazer alguns malabarismos, assumir alguns riscos como limpeza, jardinagem, manutenção de catracas, por exemplo… se quebrar vai ficar quebrado. Da luz vamos tentar desligar os ar condicionados até o fim do ano”, explicou, citando as dificuldades que serão enfrentadas pela unidade.
“O que chateia é reduzir na Educação, parece que não tem prioridade nenhuma, e já está impactado e vem sendo prejudicado há anos. Hoje a unidade precisava de cerca de R$ 2 milhões a R$ 3 milhões para se manter”, indicou o diretor.
O Ministério da Educação foi procurado pela reportagem para comentar sobre os cortes, mas não retornou até o momento da publicação.
FALTA DE PERSPECTIVA
Estudante da primeira turma de engenharia elétrica do IFSP de Campinas, Lidiana Lucindo Moraes conta que esperava apoio do instituto para conseguir estudar e que, agora, falta perspectiva.
“Eu estou na lista de espera de um dos programas de auxílio, porque o dinheiro que tenho já não contempla minhas necessidades. Tenho 36 anos, duas crianças, trabalho de manhã em laboratório de pesquisa e no trabalho tive que propor um acordo de redução de jornada de trabalho para conseguir estudar, o que impactou, reduzindo minha remuneração. Agora estava aguardando o retorno dos programas de permanência do IFSP”, contou, dizendo que com os cortes a esperança diminui.
Para ela, o corte é visto como um projeto de sucateamento das instituições publicas, privando um dos acessos básicos: o de estudar.
“Esse corte impacta diretamente a permanência dos estudantes na formação, e muitos estudantes não conseguem permanecer, porque é privado do básico. Não sei como vai ser, impacta diretamente minha vida, dos meus colegas, para viver, estudar, não sei se vou trabalhar ou estudar, já tive que fazer vaquinha pra arrecadar dinheiro pra deslocamento de transporte, e agora não sei como vai ser”, desabafou.
PROTESTO
Em forma de adesão ao movimento nacional, está programado para esta quinta-feira (9) um protesto dos estudantes, que planejam sair da unidade do IFSP e andar até o Shopping Parque das Bandeiras, passando pela Avenida John Boyd Dunlop, durante a manhã.
“Vamos fazer isso para aderir ao movimento nacional e para saberem da nossa existência, mostrar que estamos aqui, porque se a gente fecha, parece que ninguém vai saber, temos que mostrar esses cortes pra lutarem com a gente”, explicou o estudante Marcos.
Além do protesto dos estudantes contra os cortes na Educação, também na quinta-feira os servidores da unidade também vão aderir a paralisação organizada pela Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica. Profissional e Tecnológica). O ato será para reinvidicar reposição salarial a categoria, que há cinco anos não tem reajuste.