A Justiça aceitou a denúncia feita pelo MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) contra o líder espiritual de umbanda Eduardo Santana, conhecido como “Pai Du”, suspeito de cometer abusos sexuais contra pelo menos 16 mulheres em Hortolândia.
Segundo a denúncia, o suspeito responderá por injúria, assédio sexual, violação sexual mediante fraude e importunação sexual informou o MP-SP. Ele foi preso em 18 de março e o caso é investigado pela DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Hortolândia – veja detalhes abaixo.
O promotor Rafael Salzedas Arbach informou na denúncia que o réu cometeu uma série de crimes e vitimou vários frequentadores do templo religioso por meio de sua condição “de superior hierárquico”.
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“Na condição de superior hierárquico, ele tocava no corpo das vítimas, fazia com que elas se despissem em sua presença e constrangia mulheres com o objetivo de obter delas favores sexuais”, relata.
Além disso, Santana ainda teria feito comentários racistas e homofóbicos a um frequentador do espaço religioso, chegando a praticar atos libidinosos contra o rapaz.
O MP-SP pediu, além da condenação na esfera criminal, a fixação de indenização por danos morais e materiais em valor não inferior a R$ 20 mil por cada vítima.
INVESTIGAÇÃO
Segundo o delegado titular da DDM, José Regino o investigado usava falsos argumentos religiosos para convencer as vítimas de que poderia tocá-las e ter relações sexuais com elas. Além disso, manipulava, exercia uma posição de poder e se aproveitava da proximidade para cometer os abusos e gerar medo. Os crimes eram praticados em uma cachoeira da região e em uma sala do terreiro.
“Ele as induzia a praticar atos libidinosos, relatam que em um dos rituais, ele combinava um horário, por volta da meia-noite, em um riacho, uma cachoeira, e arrancava as roupas das vítimas. As vítimas alegam que ele passava a mão nas partes íntimas delas”, detalhou Regino.
Ainda de acordo com o delegado responsável pelo caso, três testemunhas que trabalhavam com Eduardo, inclusive durante os cultos, foram identificadas e intimadas. A investigação começou através da análise de vários boletins de ocorrência semelhantes, o que gerou a suspeita da DDM. Depois disso, as vítimas foram chamadas e ouvidas e a apuração, então, foi oficialmente aberta.
MANIPULAÇÃO
Uma das mulheres que foi vítima do líder espiritual revelou à Polícia Civil como o investigado agia com os frequentadores do centro de umbanda e como manipulava as mulheres para que elas pensassem que os assédios e abusos faziam parte dos rituais. Em entrevista exclusiva à EPTV Campinas, sem se identificar, a vítima explica que ele sempre se mostrou uma pessoa inteligente. “Ele vinha, se aproximava. E ele ia controlando a nossa cabeça”, explicou ela.
A mulher diz ainda que Santana criava um cenário que fazia ela e outros frequentadores acreditarem que aquilo era a religião. Além disso, não os deixava visitar outros terreiros, nem conversar com outras pessoas da religião. “Usava a espiritualidade para colocar medo, para que as pessoas o temessem e temessem o que pudesse acontecer”, afirma.
MENOR DE IDADE
Uma adolescente de 16 anos também prestou depoimento. Segundo o delegado, a jovem foi violentada há dois anos. Ele conta que o investigado, conhecido como “Pai Du”, se aproveitou na época da proximidade com a família da jovem.
Na época, a vítima teria falado com a mãe que não queria mais ficar no local junto com o homem, mas não revelou o motivo, e somente após as reportagens resolveu prestar o depoimento.
OUTRO CASO
Preso enquanto se preparava para uma sessão religiosa, Santana disse aos policiais que responde a um processo por assédio em Americana, onde foi professor de música, mas disse não saber das outras denúncias recentes. Conforme a DDM, o processo de assédio citado por ele é de 2014, quando dava aulas de violão e molestou uma adolescente. Não há mais detalhes deste caso.
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