O presidente Luiz Inácio Lula da Silva repercutiu a polêmica das casas construídas com 15 m² em Campinas durante um evento realizado em Belém neste sábado (17). Na ocasião, o presidente disse que prefeito Dário Saadi (Republicanos) não é um “cara humano” por aprovar as construções com este tamanho – entenda o caso abaixo.
“Ontem eu vi na televisão. A cidade de Campinas, que é uma das cidades mais ricas desse país, a cidade de Carlos Gomes, uma cidade que é famosa pela quantidade de universidades, uma cidade que é famosa pela Unicamp. O prefeito daquela cidade está construindo casas de 15 m² para que as pessoas pobres fiquem lá com 7 pessoas. Imagina, 15m² para uma família. Ou seja, significa que esse prefeito não entende de pobre. Significa que esse prefeito não é um cara humano. Significa que esse prefeito acha que pobre tem que ser tratado como se fosse uma pessoa qualquer”, disse o presidente.
Em nota, a Prefeitura de Campinas informou que o prefeito “lamenta e repudia” que o comentário do presidente da República.
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“Deveria ter se informado e se tivesse um mínimo de respeito pela história dessas famílias campineiras, o presidente leria os manifestos que o movimento publicou em defesa das novas casas. Não houve lançamento de projeto habitacional pela Prefeitura de Campinas de casas com 15 metros quadrados, mas, sim, um acordo, a partir de uma decisão judicial, para a construção de embriões residenciais em terrenos doados pela Prefeitura porque eles têm de deixar, em quatro meses, o local ocupado”, informou a Prefeitura.
Nas redes sociais, a Ocupação Mandela se manifestou, disse que lamenta a forma como o assunto vem repercutindo nos últimos dias e acrescentou que as casas foram uma conquista.
“Juiz deu prazo de 4 meses para sair. Prefeitura apresentou planta de 45m2 a 60m2. Aceitamos isso e lutamos para seu financiamento. Para construir 116 casas, em 4 meses, a Prefeitura apresentou que faria um embrião de 15m2, com janela, banheiro e base para a continuidade da obra da casa completa. Isso não é vitória?”, diz trecho da publicação.
ENTENDA A POLÊMICA
Previsto para ser entregue em até dois meses, o Residencial Mandela, em Campinas, motivou nos últimos dias reações distintas entre especialistas e os futuros moradores e fez até o prefeito, Dário Saadi (Republicanos), se pronunciar através das redes sociais. No centro de debate na internet, está o tamanho das moradias, erguidas com 15 m² em áreas de 90 m².
Para muitos internautas, os chamados “embriões” do empreendimento, que fica no DIC 5, no distrito do Ouro Verde, não seriam dignos por terem somente um banheiro e um cômodo. As críticas encontraram reforço nas opiniões de especialistas e de uma vereadora do município, que acreditam que as construções feririam recomendações da ONU (Organização das Nações Unidas).
“Tomaremos as medidas cabíveis para investigar a situação e, se necessário, acionaremos os órgãos competentes”, diz a vereadora Paolla Miguel (PT) em um texto no qual define as moradias como “sub-humanas”.
MORADORES APROVARAM
A situação vai de encontro ao desejo dos moradores. Em entrevista ao acidade on Campinas em maio, a integrante da Ocupação Nelson Mandela desde 2016, quando 600 famílias ocuparam uma área privada de cerca de 300 mil m², Célia Maria dos Santos, também definiu o projeto como uma “vitória” do movimento.
“A parcela desses ‘embriões’ ficou junto com a do lote. Isso não ficou difícil pra nenhuma das famílias. Ficou um preço acessível. Toda a ‘Família Mandela’ foi contemplada com a solução. Temos que agradecer ao Poder Público e ao juiz responsável, porque vivíamos com o medo de passar por mais uma reintegração. E essa solução veio e vai ser feito o remanejamento das famílias”, comentou ela.
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