Os casos de meningite registrados até setembro nas três maiores cidades da RMC (Região Metropolitana de Campinas) já superam os números da doença confirmados ao longo de todo o ano passado. De janeiro a dezembro de 2021, foram 65 casos, enquanto em nove meses de 2022 66 casos foram computados.
Os dados de Campinas, Sumaré e Indaiatuba não são motivos para pânico, já que a vacina é a principal forma de prevenção e está disponível na rede pública de saúde. O problema é que as pessoas precisam ficar atentas, já que a vacinação contra a meningite no estado de São Paulo atingiu pouco mais de 70% em 2022.
Entre os três municípios, Campinas tem o maior número de casos, mas, por enquanto, não registrou aumento em relação a 2021. O mesmo ocorreu em Sumaré. Já o total em Indaiatuba subiu 50%. O temor das autoridades, porém, é que os dados subam mais, já que o ano não acabou (veja a tabela a seguir).
A situação acontece em meio ao avanço de pacientes confirmados e mortes por meningite no estado de São Paulo. Na semana passada, por exemplo, a capital paulista chegou à 10ª morte pela doença desde janeiro (leia os detalhes abaixo).
NAS TRÊS CIDADES
Campinas
2021 – 38 casos
2022 (até setembro) – 37 casos
Indaiatuba
2021 – 10 casos
2022 (até setembro) – 15 casos
Sumaré
2021 – 17 casos
2022 (até setembro) – 14 casos
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O QUE É A DOENÇA?
A meningite é uma inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. A doença, que pode ser causada por vírus e bactérias, é grave e tem transmissão respiratória. Entre os sintomas mais comuns estão dores de cabeça e na nuca, febre, vômito, confusão mental e manchas na pele. Durante a pandemia, as medidas de prevenção contra a covid-19 derrubaram os casos, mas agora, com a maior circulação, a doença voltou.
COMO SE VACINAR?
As vacinas contra meningite estão permanentemente disponíveis nos postos, conforme o calendário nacional de vacinação, definido pelo Ministério da Saúde. Neste ano, até o momento, de acordo com a pasta estadual de Saúde, no entanto, a cobertura vacinal par meningite é de 71,7%.
A vacina meningocócica ACWY é recomendada na rotina para adolescentes de 11 e 12 anos e, recentemente, o ministério liberou para uso temporário, até setembro de 2023, para adolescentes de 13 e 14 anos. Já a meningo C está liberada para crianças menores de 5 anos na rotina e, de forma temporária, para crianças de 5 a 10 anos e para trabalhadores da saúde.
PREOCUPAÇÃO RECENTE
No último dia 4, a décima morte por meningite foi confirmada na capital paulista. O óbito e o aumento de casos em cidades do interior paulista acenderam o sinal de alerta de especialistas, que avaliam que a queda na cobertura vacinal durante a pandemia deixou o estado mais vulnerável.
Eles acreditam que o cenário pode se agravar e recomendam rigor no bloqueio.
Na capital, o óbito da semana passada foi de um rapaz de 22 anos. Uma jovem de 20 anos também adoeceu – os dois casos foram de doença meningocócica. Conforme a pasta, só após o resultado da análise laboratorial, será possível saber o tipo de bactéria e se os dois casos são do mesmo sorogrupo da doença.
Segundo a pasta de Saúde da capital, os casos são isolados e não caracterizam novos surtos, não tendo relação com o surto localizado, no momento, nos distritos da Vila Formosa e de Aricanduva, onde foram registrados cinco casos de meningocócica do tipo C, de 16 de julho a 15 de setembro, com um óbito.
A pasta considera surto quando há ocorrência de três ou mais casos do mesmo tipo em um período de 90 dias na mesma localidade. Com os novos casos, a capital soma 58 registros confirmados de meningite meningocócica desde o início deste ano. De janeiro a setembro de 2019, período anterior à pandemia, foram 158 casos, ou seja, houve uma redução de 68% no âmbito geral.
OUTRAS CIDADES
No interior de São Paulo, já são dezenas de cidades com casos. Em Marília, no centro-oeste, aconteceram quatro mortes pela doença este ano. O último óbito aconteceu em julho. No dia 6, um bebê estava internado no Hospital Unimed, em Sorocaba, com diagnóstico de meningite bacteriana. A família usou as redes sociais para pedir orações. Conforme a prefeitura, a cidade já teve 39 casos e 5 mortes este ano. Houve três ações isoladas de bloqueio de contato.
Em Jundiaí, as visitas aos presos do Pavilhão VII do CDP (Centro de Detenção Provisória) estão suspensas neste próximo fim de semana por um caso de meningite bacteriana que acometeu um detento. Conforme a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária), o paciente está em tratamento médico e todas as medidas de monitoramento e desinfecção foram tomadas.
Na região norte, ao menos seis cidades já registraram casos de meningite este ano. Araraquara (6 casos), Leme (6), Pirassununga (5), Porto Ferreira (3) e Nova Europa (1) tiveram casos bacterianos. Em Araras, seis casos são virais.
NO BRASIL
O Ministério da Saúde informou que, em 2022, até 30 de setembro, foram registrados 5.821 casos e 702 óbitos por meningites de diversas etiologias. “A vacinação é considerada a forma mais eficaz na prevenção da meningite bacteriana, sendo as vacinas específicas para determinados agentes etiológicos”, disse. Segundo a pasta, é mantida a vacinação dos grupos prioritários, conforme o PNI (Programa Nacional de Imunizações).
Em São Paulo, por exemplo, continua em vigor na capital e no interior de São Paulo o calendário vacinal de rotina, com aplicação do imunizante contra a meningite meningocócica C em bebês de 3, 5 e 12 meses. Já o de meningite ACWY é aplicado na faixa etária de 11 a 14 anos, de forma excepcional, até junho de 2023, conforme definição do PNI.
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