*Com informações de Helen Sacconi/EPTV e TV Globo*
Um morador de Americana, na Região Metropolitana de Campinas, se tornou ontem (27) o primeiro brasileiro a percorrer uma maratona por dia. Atleta amador, Hugo Farias fez 365 maratonas consecutivas em um ano e concluiu o desafio cruzando a linha de chegada durante o aniversário da cidade natal. Americana comemorou ontem seu 148º aniversário.
A linha de chegada foi o Centro Cívico, palco de um evento para comemorar o feito do corredor. Hugo foi recebido sob aplausos do público e abraços de familiares e amigos após concluir o “Projeto Propósito”, que previa o percurso de 42 quilômetros e 195 metros diariamente, durante um ano.
Durante o projeto, o maratonista também participante de uma pesquisa médica (veja mais abaixo).
Quando começou?
A largada (ou, melhor dizendo, a primeira delas) foi dada em agosto do ano passado. Após as 365 maratonas, além de primeiro brasileiro, Hugo também deve ser considerado o primeiro homem nas Américas a cumprir o feito. Ao longo da jornada, ele correu 15.401.175 metros.
Realização
Hugo conta que interrompeu sua carreira corporativa para realizar o projeto, com objetivo de realização pessoal e com o exercício servindo como ferramenta de motivação, superação e saúde.
“Foi um processo de reflexão que eu fiz sobre o uso do meu tempo. Fui executivo de serviços de tecnologia por 22 anos e eu me questionei se era isso que queria, e cheguei a conclusão que não. Eu queria fazer algo de impacto, que pudesse inspirar outras pessoas”, disse.
Os últimos metros da maratona foram transmitidos ao vivo no Instagram de Hugo Farias, que reúne atualmente mais de 56 mil seguidores. O atleta afirmou estar em contato com a equipe do livro dos recordes do Guinness para registrar a conquista.
Contratempos
Em um ano, Hugo perdeu cerca de 6 quilos, mesmo fazendo uma dieta de 5.500 calorias por dia, mais do que o dobro do necessário para um adulto saudável da estatura dele.
Durante esse ano, houve ainda contratempos: o atleta chegou a ter quadros de diarreia, prejudicando a retenção de nutrientes pelo corpo. Algumas lesões o impediram de correr em alguns dias, obrigando-o a seguir com o percurso total caminhando.
“Na maratona 150 eu sofri uma lesão na virilha e ela me impossibilitou de correr, eu tive que caminhar por cinco dias consecutivos”, conta.
Mesmo assim, Hugo não desistiu do propósito e o objetivo cresceu, inspirando outras pessoas. O desafio chegou ao fim com muita felicidade.
“Eu estou muito emocionado, muito feliz”, contou, após cruzar a linha de chegada com a família, amigos e centenas de pessoas acompanhando o feito.
Ajuda na ciência
O processo do maratonista teve o acompanhamento de médicos, fisioterapeutas, além de treinado e serviu como objeto de pesquisa para a ciência, com equipes analisando os impactos provocados pelo excesso de atividades físicas.
Hugo fez parte de um projeto científico que envolveu pesquisadores do InCor (Istituto do Coração), que tentam compreender melhor o funcionamento do corpo humano, e entender como ele se transforma e resiste ao desgaste físico. Apesar do receio dos especialistas, o resultado foi positivo.
“Quando se faz muito exercício, uma alta intensidade e volume por muito tempo, a gente sabe que isso pode causar algumas desadaptações no coração, então essa foi a nossa preocupação com o Hugo, mas nessas avaliações que fizemos mensalmente com ele vimos que o coração foi se adaptando super bem. A cada teste que a gente fazia no Instituto do Coração mostrava que o coração dele estava cada vez mais forte e se adaptando super bem a essas maratonas”, disse i cientista do InCor, Francis Ribeiro de Souza.
Todo o processo acompanhou o efeito das maratonas no sistema cardiorrespiratório. Os responsáveis devem escrever um artigo científico sobre o caso de Hugo. Apesar de aguardar o artigo final, o maratonista indica que outras descobertas podem surgir.
“Eu tinha até uma arritmia que aparecia nos exames e ela desapareceu”, afirmou.
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