A secretaria de Saúde de Campinas informou, na tarde desta quarta-feira (29), que finalizou a investigação sobre a morte de dois bebês na Maternidade de Campinas, em fevereiro deste ano, e concluiu que a causa das mortes foram decorrentes de complicações do surto de gastroenterite,que acometeu a unidade no início deste ano. A contaminação ocorreu no lactário da unidade.
Segundo a Pasta, o surto ocorreu na UCI (Unidade de Cuidados Intermediários) e na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Neonatal entre os dias 6 e 9 de fevereiro deste ano. A causa, de acordo com a Saúde, foi uma contaminação por uma bactéria de transmissão fecal-oral, ocorrida no lactário. Ao todo, o surto acometeu 21 pessoas, entre recém-nascidos e adultos.
Na época houve ainda a morte de um terceiro bebê, e a causa da morte também estava sob investigação. No entanto, a relação com o surto foi descartada pela pasta. De acordo com o laudo, o bebê morreu à complexidade da prematuridade.
LEIA TAMBÉM
Mãe de bebê morto durante surto na Maternidade de Campinas relata indignação e falta de assistência
Maternidade de Campinas libera 10 leitos de UTI após Saúde autorizar desinterdição gradual
Por meio de nota a secretaria de Saúde informou que: “As medidas imediatas instituídas pelo hospital, associadas aos apontamentos do Devisa (Departamento de Vigilância em Saúde), acabaram com o surto”.
Também por meio de nota, a diretoria da Maternidade informou que tomou todas as medidas para a contenção do surto de gastroenterite e que não houve nenhum novo caso após o dia 9 de fevereiro. A nota ainda esclarece que o hospital é responsável por mais de 7 mil atendimentos mensais, considerando consultas e outras assistências às gestantes, mães e recém-nascidos (confira nota completa abaixo).
O SURTO
O surto e as mortes dos bebês foram confirmados no dia 23 de fevereiro. No mesmo dia, foi divulgada a interdição de leitos no hospital (leia mais abaixo) e o presidente da Maternidade, Marcos Miele da Ponte, afirmou que a infecção poderia ter sido ocasionada pela superlotação do hospital. As mortes ocorreram na UCI (Unidade de Cuidados Intermediários).
“A Maternidade sofreu, talvez pelo fato da superlotação, um surto de diarreia do dia 6 ao dia 9 desse mês. Então teve um caso de infecção generalizada, recém-nascidos foram contaminados na UCI, unidade de cuidados intermediários. Os casos mais graves desceram para a UTI, no total foram 18 casos, 10 desceram para a UTI, mas o surto está controlado”, disse na época.
A INTERDIÇÃO DE LEITOS
Por conta da falta de profissionais na Maternidade, 20 leitos da UTI Neonatal foram interditados pela Vigilância em Saúde. Segundo o Devisa (Departamento de Vigilância em Saúde), a interdição aconteceu no dia 16 de fevereiro, por causa do baixo número de profissionais para o atendimento dos bebês. Seis dias antes, no dia 10, a Maternidade notificou à Saúde sobre o surto de diarreia.
O número de UTIs fechadas representou 50% dos 40 leitos do hospital. A falta de profissionais na UTI, segundo o Devisa, já havia sido identificada desde o final do ano passado, inclusive com autos de notificação para a entidade. Segundo o hospital, no momento da interdição, a unidade estava trabalhando acima da capacidade e havia 39 bebês internados na unidade Neonatal.
No dia 8 deste mês, 10 dos 20 leitos de UTI foram liberados após a Saúde autorizar a desinterdição parcial. Após a liberação, a Maternidade informou que os leitos já estavam ocupados, sendo que a Cross (Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde) não conseguia transferir todos os bebês desde a interdição das 20 estruturas.
Já sobre a interdição, a Maternidade informou que o motivo foi o baixo número de profissionais médicos horizontalistas (médicos que fazem as visitas diárias) e profissionais fisioterapeutas, para atender todos os leitos da unidade. Segundo o presidente da Maternidade, a falta de médicos horizontalista ocorria por remuneração considerada baixa e falta desses profissionais no mercado. Segundo ele, havia contato com a Prefeitura, mas a administração do hospital ainda procurava uma solução para o problema.
NOTA DA MATERNIDADE
Por meio de nota a diretoria da Maternidade informou que tomou todas as medidas para a contenção do surto de gastroenterite e que não houve nenhum novo caso após o dia 9 de fevereiro. A nota ainda esclarece que o hospital é responsável por mais de 7 mil atendimentos mensais, considerando consultas e outras assistências às gestantes, mães e recém-nascidos.
A nota segue informando que a Maternidade possui um dos melhores índices entre nascidos vivos e óbitos infantis dentre os hospitais de Campinas (públicos e privados). Contudo, quando comparamos com os hospitais conveniados com o Sistema Único de Saúde – SUS Municipal para atendimentos às gestantes de alto risco, partos, cuidados intensivos e intermediários em neonatologia, a Maternidade de Campinas tem o melhor índice, sendo menor que 1% no ano de 2022 e nos dois primeiros meses de 2023.
LEIA MAIS