Morreu nesta quinta-feira (26), em Indaiatuba, mais um cavalo intoxicado por uma substância encontrada na ração da marca Nutratta Nutrição Animal Ltda. Chamado Brilhoso, o animal da raça Mangalarga tinha 8 anos e precisou passar por uma eutanásia, de acordo com a dona, a biomédica Larissa Machado.
Com essa ocorrência, só em Indaiatuba, já são mais de 30 mortes de cavalos por conta da ração intoxicada.
Ontem (25), o Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) proibiu a comercialização e o uso de todos os produtos fabricados pela empresa, após detecção de alcaloides pirrolizidínicos, especialmente monocrotalina, substância tóxica capaz de matar equinos e outras espécies.
O que é a substância tóxica em ração que matou cavalos na região
O veterinário Nei Pereira explica que a monocrotalina é encontrada em crotalárias, plantas usadas na cobertura de solos. Segundo ele, cavalos não se alimentam deste tipo de planta na natureza.
“É uma substância, na verdade, é uma leguminosa, né? Ela é utilizada no campo para fortalecer o solo. E ela não é comestível, ela é hepatotóxica, ela é bem tóxica para os animais. Ela só serve mesmo como adubo para o solo. Ela não deveria estar onde foi encontrada”, explicou.
A primeira parte do corpo dos cavalos que a substância tóxica ataca é o fígado, levando à falência do órgão. Depois podem surgir problemas nos rins, úlceras gastrointestinais e danos no sistema neurológico, levando os animais até a morte. De acordo com especialistas, os primeiros sintomas podem aparecer de três a quatro meses depois do consumo de um alimento contaminado.
Ainda de acordo com o veterinário, os animais que se alimentaram de uma certa quantidade da ração intoxicada de forma mais rápida tiveram um quadro mais agudo de intoxicação. “Esses foram os quadros que nós observamos que foram mais rápidos evoluídos até o neurológico. Agora, os animais que se alimentaram pouco, pode-se dizer que ela foi tornando-se uma cronicidade. Ela veio contaminando aos poucos, intoxicando aos poucos, até trazer alguns animais a óbito.”
Mapa vê ‘falhas sistêmicas’ de empresa
Além da contaminação, o Ministério apontou uma série de falhas sistêmicas na fábrica da Nutratta: ausência de separação adequada de ingredientes nos silos de matéria-prima, uso de resíduo de soja não aprovado, falhas nos registros de produção e falta de rastreabilidade dos lotes. Ainda de acordo com a Pasta, essas irregularidades tornam tecnicamente impossível garantir a segurança dos produtos por espécie ou lote.
O Mapa afirmou ainda que, mesmo de forma presumida, já é possível estabelecer relação entre o consumo das rações e os casos de adoecimento e morte dos cavalos. A proibição poderá ser reavaliada após novos resultados. A produção da EPTV Campinas tentou contato com o advogado da Nutratta, mas ainda não obteve retorno.
*Com informações de Victor Hugo Bittencourt
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