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CotidianoPais de pacientes com síndrome rara financiam pesquisa com a Unicamp, em Campinas

Pais de pacientes com síndrome rara financiam pesquisa com a Unicamp, em Campinas

Instituto vai bancar estágio de pré-doutorado para pesquisador desenvolver estudos sobre mutações no gene DEAF1, relacionado aos transtornos do espectro autista; entenda

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Pacientes com síndrome rara têm traços autísticos. (Foto: Divulgação/Instituto DEAF1)
Pacientes com síndrome rara têm traços autísticos. (Foto: Divulgação/Instituto DEAF1)

Um grupo de pais com filhos que possuem a Síndrome de Vulto-Van Silfhout de Vries, causada por mutação no gene DEAF1, está financiando um estágio remunerado na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) para estudantes que tenham mestrado e queiram estudar sobre o tema no Laboratório de Neuroproteômica da universidade.

O objetivo é que o pesquisador se candidate a uma bolsa de doutorado para desenvolver pesquisas na área e se tornar uma ponte de inovação científica entre os estudos realizados no Brasil e em outros países. Segundo o professor da Unicamp que encabeça as pesquisas, Daniel Martins de Souza, a intenção é ir além dos sintomas da síndrome e entender o que acontece no neurodesenvolvimento por causa da mutação.

Os interessados em participar do processo seletivo devem enviar um e-mail para dmsouza@unicamp.br até o dia 20 de setembro com uma carta de motivação, curriculum vitae e duas referências (nome, email e telefone).

 

 

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A SÍNDROME

A mutação no gene DEAF1 interfere diretamente no neurodesenvolvimento. Os principais sintomas são:

  • Comportamentos autísticos
  • Apraxia da fala
  • Epilepsia
  • Alterações na forma de andar ou dificuldade em caminhar
  • Distúrbios do sono
  • Intolerâncias alimentares
  • Infecções recorrentes

Há também outros sintomas menos relatados como alta tolerância a dor, picacismo e dismorfia facial, por exemplo. A síndrome é rara e há o registro de apenas nove casos em todo o Brasil. No mundo todo são cerca de 200.

DIAGNÓSTICO

A jornalista Ana Karine Bittencourt é mãe de um menino com a síndrome e, por causa disso, fundou o Instituto DEAF1 (saiba mais abaixo). Ela conta que o diagnóstico da doença não é fácil e que a comprovação só é possível por exoma, um exame de sequenciamento genético que é pouco acessível à maior parte da população. Karine conta que o filho dela foi diagnosticado dentro do espectro autista aos 2 anos de idade. Aos 8 anos, começou a ter epilepsia, que não foi controlada com medicações tradicionais.

No ano seguinte, ele foi encaminhado a um geneticista e através do exoma foi detectada a mutação no gene DEAF1. A jornalista conta que até hoje as crises epiléticas de seu filho, hoje com 15 anos, não foram controladas nem com o CBD.

O fisioterapeuta Felipe Mascarenhas também é pai de um jovem com a síndrome. Segundo ele, o diagnóstico começou há 16 anos. Quando a criança tinha cerca de um ano de idade, ela começou a apresentar atrasos no desenvolvimento motor. A pediatra achou que era normal e os pais procuraram a opinião de um neurologista, que também não identificou o problema. Foi recomendado um tratamento com fonoaudióloga, que pediu exame de surdez.

Mascarenhas conta que a profissional achava que a criança era autista ou surda. Como a surdez não foi identificada, eles procuraram por um psiquiatra especialista no espectro autista, que concluiu o diagnóstico. Sempre procurando o melhor tratamento para o filho, Mascarenhas e a esposa souberam do exoma. Com o passar dos anos, o valor do exame reduziu consideravelmente e, no começo de 2019, o jovem passou pelo procedimento que apontou a falha no gene DEAF1.

O INSTITUTO

Em 2020, Karine resolveu criar o instituto. Ela sentiu a necessidade de obter mais informações sobre a anomalia no gene DEAF1 e se reuniu com outras três famílias. Ela percebeu que, em comum, todos passaram por inúmeros tratamentos, inclusive fora do Brasil, e tinham conseguido pouco retorno.

“Acabamos por nos tornar meio pais especialistas. Queríamos saber o que de fato mudava nas células dos nossos filhos com essa mutação ultrarrara”, explica.

Foi nessa busca por conhecimento que o grupo viu surgirem duas palavras nas conversas: proteômica e minicerebros ou organoides cerebrais. A jornalista conta que foi pesquisando sobre metabolismo na Colômbia que ela conheceu o trabalho do prof. Daniel Martins de Souza, da Unicamp.

A partir deste encontro, o instituto criou um comitê científico que hoje conta com a participação de outros três especialistas na área, além de Daniel. O grupo foi atrás de pesquisas sobre o tema e já catalogou mais de 100 publicações. Hoje, o instituto presta orientações a famílias de diversos países como Irã, Turquia, Chile, Argentina, Alemanha, Croácia, Austrália, França, Israel e Estados Unidos.

Entrada da Unicamp em Barão Geraldo (Foto: Reprodução/EPTV Campinas)
Entrada da Unicamp em Barão Geraldo (Foto: Reprodução/EPTV Campinas)

ESTÁGIO REMUNERADO

Karine conta que foi nesse período que o grupo identificou a necessidade de ter um pesquisador para se dedicar mais ao assunto. “O conhecimento sobre o gene era muito difuso e isso dificultava que se chegasse a alguma conclusão. Era preciso profissionalizar e avançar unindo as pontas do conhecimento sobre algo que é tão urgente e essencial pra nós”, explica.

O instituto deu início a um financiamento coletivo para custear pesquisas sobre os minicerebros nos EUA e firmou um convênio com a Unicamp para buscar um estudante que pudesse apoiar o grupo nessa busca por avanços signicativos na compreensão, tratamento e, quem sabe um dia, a cura para a doença.

O estágio deve começar no dia 15 de outubro e a duração prevista é de seis meses. O estagiário vai se aprofundar em técnicas de biologia molecular, bioquímica e biologia celular. Com o fim do estágio, é esperado que o aluno tente uma vaga no doutorado do Programa de Pós-Graduação em Biologia Molecular e Morfofuncional, do Instituto de Biologia da Unicamp, que deve ocorrer em meados de novembro/dezembro de 2022, com início no primeiro semestre de 2023.

SERVIÇO

Estágio Pré-Doutoral em Neuroproteômica

Datas relevantes: 

  • Inscrições para o estágio: até 20/09/2022
  • Entrevistas com candidatos(as): entre 21 e 30/09/2022 
  • Resultado: 03/10/2022 
  • Início esperado (pode ser negociado): 15/10/2022 

As/os candidatas(os) priorizados serão aquelas(es) que tiverem: 

  • Experiência prévia em laboratório (na área desta chamada) 
  • Domínio da língua inglesa (escrita e falada) 
  • Mestrado já concluído ou em vias de conclusão 
  • Larga experiência em iniciação científica (comprovada) 
  • Motivação para contribuir com uma relevante questão de saúde que precisa de compreensão científica.

Mais informações sobre o Instituto DEAF1 
https://www.deaf1.com.br
Instagram – https://www.instagram.com/deaf1brasil
Facebook – https://www.facebook.com/deaf1brasil
LinkedIn – https://www.linkedin.com/in/institutodeaf1
YouTube – https://www.youtube.com/channel/UC3H9rrtU41qKlXgsw7WLV6Q

 

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