A Polícia Federal prendeu quatro pessoas, na manhã desta quarta-feira (4), em uma operação para desarticular um esquema de fraude envolvendo uma agência dos Correios em Campinas. A ação era articulada por uma ex-gerente de uma agência, que deixava de registrar o recebimento de encomendas para receber indenização por extravio, e seus familiares.
Os suspeitos executaram o esquema seis vezes, e conseguiram obter êxito em três delas. Por meio da fraude, os investigados, receberam R$ 54.815,56 em indenizações pagas pelos Correios (saiba mais abaixo).
Foram cumpridos três mandados de busca e apreensão em Campinas e Piçarra, no estado do Pará. A ex-gerente de uma agência dos Correios, em Piçarra (PA), foi presa, afastada de suas funções e teve os bens investigados bloqueados. Três familiares que atuavam no esquema também foram detidos em Campinas – na cidade, a vítima da fraude era a agência dos Correios localizado no Centro.
Como funcionava o esquema de fraude nos Correios
Apesar da chamada Operação “Cartas Marcadas” ter sido deflagrada hoje (4), a investigação do esquema de fraudes nos Correios começou em fevereiro de 2024. Segundo a PF, com o apoio da área de segurança corporativa dos Correios, foi revelado um esquema em que a gerente e única funcionária da agência dos Correios de Piçarra (PA), em conjunto com familiares que moram em Campinas, se aproveitavam do serviço de encomendas com “Valor Declarado” para obter indenizações fraudulentas.
Os levantamentos iniciais indicaram que os suspeitos postavam encomendas em uma agência de Campinas com destino à cidade no Pará, simulando que se tratava de objeto de alto valor e com a contratação do serviço de “Valor Declarado”, que possibilita o ressarcimento em caso de extravio. A unidade da metrópole usada para o esquema é a que fica localizada na Av. Francisco Glicério, no Centro.
“Eles não declaravam realmente o que estava dentro do objeto postal, mas o valor do que estaria relacionado a esse objeto, sempre pelo limite. No ano de 2023, o limite desse seguro era de R$ 10 mil, e no ano de 2024 passou a ser R$ 34 mil. O erro nesse golpe estava na repetição da rotina, em que as encomendas sempre saíam de Campinas e sempre chegavam à Piçarra”, explica o delegado da PF, Edson de Souza.
A funcionária dos Correios envolvida na ação recebia fisicamente os objetos postais enviados por seus familiares de Campinas, mas não os registrava no sistema, garantindo que fossem considerados perdidos/extraviados entre Marabá e Piçarra, no Pará. Em seguida, eram solicitadas indenizações pelos objetos perdidos, recebendo indevidamente o valor declarado.
A família executou o esquema seis vezes, em que obtiveram êxito em três delas. Por meio da fraude, os investigados, entre os meses de setembro de 2023 a fevereiro de 2024, receberam R$ 54.815,56 em indenizações pagas pelos Correios, embora eles tivessem pedido R$ 160 mil, de acordo com a PF.
Alguns dos pedidos de ressarcimento por extravio foram negados, já que, após o terceiro pagamento, a suposta irregularidade foi percebida pela área de segurança corporativa dos Correios, que comunicou a Polícia Federal.
“Nós pedimos que a então gerente não fosse afastada das funções entre fevereiro e a deflagração da operação para que tivéssemos tempo em identificar quem eram as pessoas em Campinas que fizeram essa remessa. Nós identificamos três familiares”, conta o delegado.
Os envolvidos no esquema de fraude nos Correios poderão ser condenados pelos crimes de peculato, inserção de dados falsos em sistema de informações e associação criminosa, cujas penas máximas somadas podem alcançar 27 anos.
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