A Polícia Civil investiga um grupo suspeito de aplicar golpes em idosos em cidades do interior do Estado. Na noite de ontem, 12 vendedores de produtos de fisioterapia detidos e prestaram depoimento na Delegacia de Jaguariúna.
Os investigados fazem parte de uma empresa com sede em Contagem (MG). Entre as irregularidades constatadas, chamou a atenção da polícia o alto preço que o grupo revendia o equipamento para os clientes – um aparelho de R$ 150 era vendido por até R$ 2 mil. A polícia chegou até os suspeitos após a venda de um produto para uma idosa na cidade.
A aposentada Neuza de Oliveira, de 74 anos, comprou uma aparelho com a esperança de aliviar dores que sente nas pernas. A sobrinha dela contou como foi a abordagem dos vendedores na porta da casa.
“Eles falaram que eram do Ministério da Saúde. E já vieram com uma sondagem sabendo que tinha idosos na casa e pessoa acamada, oferecendo um produto para alívio das dores. Já chegaram como se tivessem feito uma pesquisa de bairro. E depois viemos saber que essa empresa, o pessoal que estava oferecendo era um pessoal suspeito de aplicar golpes de clonagem de cartão em outras cidades”, explicou a comerciante Joice Godoi.
A aposentada abriu a casa para a vendedora, que se apresentava como da área da saúde. “Em nenhum momento suspeitei nada. Ela ficou umas 3h lá, falou que era da área da saúde”, disse.
A movimentação chamou atenção de vizinhos, que acionaram a polícia. Segundo o policial militar Rogério Alamino, irregularidades foram constatadas.
“As conversas não tinham um contexto muito adequado então começamos a ver que tinha coisa errada. Ao fazer a revista vimos que os aparelhos tinham numeração de série idênticas. Todos eles tinham a mesma numeração. Solicitamos a nota fiscal a nota fiscal não era compatível aos aparelhos que estavam lá, nem a quantidade. E no CNPJ não coincidia com o CPNJ da máquina onde eles passavam os cartões”, afirmou.
ALTO VALOR
Ainda segundo policial, chamou a atenção o alto valor em que os aparelhos eram oferecidos. “O valor desses aparelhos varia entre R$ 150 até R$ 300 e eles vendiam por R$ 1,8 mil, R$ 2 mil”, afirmou.
Para evitar possíveis golpes, o policial recomendou cuidado. “Não deixa entrar em casa. Chama um filho, um parente mais próximo. Eles mostram um crachá e o idoso normalmente não vai ler ver se é aquilo que realmente está falando, então é orientado chamar uma pessoa mais instruída para não cair no golpe e nunca fornecer dados pessoais, dados bancários, porque é o que as quadrilhas usam para aplicar os golpes”, indicou.
Após a abordagem, os 12 vendedores prestaram depoimento na delegacia e foram liberados. O responsável pela empresa negou irregularidades.
“Para mim é desnecessário, não tinha essa necessidade. É tudo certinho na empresa, nenhuma irregularidade”, afirmou o empresário. John Lennon.
Dezenas de equipamentos que eram oferecidos pelos vendedores foram apreendidos. A Polícia Civil agora vai investigar a possível relação dos detidos com um grupo que tem praticado golpe a idosos em outras regiões do interior do estado.