A Prefeitura de Campinas divulgou nesta quarta-feira (29) a nova contagem da população em situação de rua na cidade. O levantamento, realizado em parceria com a Fundação Feac (Federação das Entidades Assistenciais de Campinas) no mês de abril, apontou 1,3 mil pessoas nessa condição. Esse valor aponta uma alta 39,5% em comparação com a última contagem realizada, em 2021, que contabilizou 932 pessoas vivendo nas ruas da metrópole.
Além destes 1,3 mil indivíduos, a pesquisa também apontou que há outros 257 em situação de acolhimento.
“O fenômeno do aumento do número de pessoas em situação de rua infelizmente é um drama nacional e tem se mostrado uma realidade preocupante. A condição de viver nas ruas é resultado de um emaranhado de fatores econômicos, sociais e de saúde, que se interconectam e reforçam mutuamente. Entretanto, a crise econômica e a pandemia foram fatores extras que contribuíram de modo expressivo para o agravamento das condições”, afirmou Vandecleya Moro, secretária municipal de Desenvolvimento e Assistência Social.
Diante deste aumento expressivo, a reportagem do acidade on Campinas foi para as ruas do Centro de Campinas, que concentra grande parte desta população, para entender a percepção de quem circula diariamente ao local (veja mais abaixo).
Perfil da população em situação de rua
A pesquisa da Prefeitura também revelou o perfil da população em situação de rua na cidade, que é formada majoritariamente por homens, pessoas pardas e na faixa etária de 25 a 36 anos.
Entre outros dados, o levantamento mostrou que:
- 81,1% (1261) das pessoas são homens,
- 18% (280) são mulheres e
- 0,8% (16) não se identificaram com nenhum gênero.
A maioria, 37,3%, está na faixa de 25 a 36 anos, seguidos pelos de 37 a 48 anos (35,6%), 18% estão entre 49 e 60 anos, 5% entre 18 e 24 anos e 3,6% têm mais de 60 anos.
O censo campineiro revelou também que 38,8% se declararam pardos, 29,4% brancos, 29% pretos e 1,9% não se identificaram com nenhuma etnia, 0,4% amarela e 0,2% indígenas.
Os dados completos da pesquisa podem ser acessados aqui.
O que pensam os moradores da cidade?
A reportagem do acidade on percorreu as ruas do Centro de Campinas para saber o que moradores pensam da realidade das pessoas em situação de rua na metrópole. Os comentários abordam, principalmente, a grande quantidade de pessoas nessa condição na região central e o receio de serem abordados.
Maria Rosa Carvalho, aposentada, conta que mora há 62 anos em Campinas e nunca viu a cidade como está hoje em relação às pessoas em situação de rua.
“Está péssimo. Eu nunca vi Campinas como eu estou vendo agora, com tantas pessoas em situação de rua”,
disse
Por conta disso, ela evita ir para o Centro, em que abre exceção apenas quando tem alguma necessidade ou compromisso na região.
O morador da região central, Lucas Ribeiro, destacou a questão do receio de ser abordado. “Às vezes a pessoa quer ir o banco e fica com medo quando tem pessoas em situação de rua na porta”, afirmou.
Alexandre Azevedo trabalha numa banca no Centro e conta que as abordagens durante o seu expediente para pedir dinheiro são frequentes. “A gente não tem o que dar porque a gente é funcionário. É triste porque eu não posso ajudar o próximo”.
O trabalhador também se preocupa com o período de frio, que impacta ainda mais as pessoas desabrigadas.
As principais soluções apontadas pelos entrevistados para melhorar a situação são o reforço da segurança na cidade, além de ter políticas mais efetivas para abrigar essas pessoas ou enviá-las para suas famílias.
População em situação de rua pode ser ainda maior
Um levantamento divulgado Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania no início do ano, revelou que a população em situação de rua em Campinas pode ser ainda maior do que o número divulgado pela Prefeitura.
Segundo a pesquisa, até julho do ano passado a cidade concentrava 2.324 pessoas nessa condição. Esse valor colocou a metrópole entre os 10 municípios com maior número de pessoas em situação de rua, concentrando juntas 51,5% desta população do país.
Os dados levam em consideração apenas as pessoas inscritas no Cadastro Único (relembre a pesquisa aqui).
Entenda a diferença
Segundo a Prefeitura, diferença nos números da secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social e os dados do governo federal são explicados por conta das metodologias empregadas.
Enquanto a pesquisa municipal baseia-se em uma abordagem direta, com equipes realizando trabalho de campo e interagindo pessoalmente com a população em situação de rua por meio de questionários de múltipla escolha, a abordagem federal se distingue por ser “autodeclaratória e cumulativa, contabilizando indivíduos que, embora registrados no Cadastro Único em Campinas, podem não residir mais no município devido à natureza migratória desse grupo”.
“Essa diferença se explica pela permanência dos registros no sistema federal até a renovação, o que ocorre a cada dois anos, não acompanhando assim as mudanças dinâmicas na população em situação de rua”, afirma a Administração.
Com a colaboração de Raquel Valli
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