Campinas teve um aumento nos pedidos de podas e de retiradas de árvores com problemas no último ano. A cidade registrou diversos casos de queda de árvores nas últimas semanas, alguns deles com vítimas (saiba mais abaixo).
Em 2022, foram protocoladas na Prefeitura 5.305 solicitações sobre podas e retiradas de árvores. No ano passado, o total de pedidos subiu para 7.539, o que representa um aumento de 42%.
Só neste ano, o total de registros, de janeiro a setembro, é de 5.466. Mesmo faltando três meses para acabar 2024, esse número já supera o total de pedidos de poda e retirada de árvores feitos em todo o ano de 2022. Os dados são da secretaria de Serviços Públicos de Campinas.
Apesar da alta demanda para esse tipo de serviço, muitos moradores reclamam que fazem o pedido sobre retirada de árvores com problemas, mas nem sempre são atendidos.
Pedidos sobre árvores com problemas não são atendidos
No Jardim Novo Campos Elíseos, uma árvore tem preocupado moradores da Rua Vinhedo. Ela já está seca, não tem mais folhas e nem casca. Começou a ficar assim tem um ano, segundo Marco Coral, auxiliar de rampa.
“Teve um problema de água aqui, estourou um cano, a Sanasa veio com máquina, cavou e, depois que ela cavou, a árvore começou a morrer e ficou desse jeito. Agora tem mais medo porque ela não tem raiz. Com esses ventos que têm feito, é capaz dela cair mais rápido”, conta.
A Clenice Francisca, esposa de Marco, diz que já perdeu as contas de quantas ligações fez e quantos protocolos abriu na Prefeitura pedindo uma avaliação da árvore. “Tem uns dois meses que a gente anda ligando, e eles falam que tem que esperar, pelo menos uns quatro meses”, afirma a diarista, que se preocupa que a árvore, que fica em frente à sua casa, caia sobre a residência.
O aposentado Jair Marque Correa conta que já cansou de juntar os pedaços que caíram da árvore, assim como ligar para a Prefeitura relatando a situação. Foram várias ligações para o número 156, os protocolos estão todos anotados. Até para a CPFL ele ligou porque várias fiações passam entre os galhos. A falta de retorno fez ele desistir: “Não tinha mais jeito”, afirma.
Tipos de pedidos
Os pedidos dos moradores do Jardim Novo Campos Elíseos estão da lista da secretaria de Serviços Públicos de Campinas. Este ano, até setembro, foram mais de 2.300 solicitações de retiradas de árvores com problemas. O aumento em 2023 foi de 55%, em relação a 2022. Confira:
- 2022: 2.123 pedidos
- 2023: 3.308 pedidos
- 2024 (jan-set): 2.345 pedidos
Os pedidos de poda também cresceram no último ano e já passam de 3.000 agora em 2024. Veja os números:
- 2022: 3.182 pedidos
- 2023: 4.231 pedidos
- 2024 (jan-set): 3.121 pedidos
Vítimas das quedas de árvores
Na sexta-feira passada (11), uma mulher de 56 anos que estava a caminho do trabalho ficou ferida após ser atingida por uma árvore na Chácara Santa Margarida, no distrito de Barão Geraldo. Ela foi levada para o HC (Hospital de Clínicas) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) com ferimentos na cabeça, braços e mãos.
No dia 3 de outubro, uma adolescente de 14 anos também ficou ferida por um galho de árvore no Parque são Quirino. A menina conversava na janela do carro, quando começou uma ventania e ela percebeu que o galho estava caindo.
A adolescente tentou correr, mas foi atingida. Várias pessoas ajudaram a retirar o galho. Ela quebrou o fêmur. Na ocasião, o dono da escola de natação onde a menina estava disse que havia dois protocolos para avaliação da árvore, em 2022 e 2024, e relatou que, após o acidente, a Prefeitura enviou uma equipe para cortar a planta.
No mesmo dia, no Jardim Flamboyant, um galho caiu sobre o para-brisa de um veículo que passava pela Rua Ernani Pereira Lopes. Segundo a motorista, o filho estava no banco do passageiro, mas não se feriu. E, no Jardim das Oliveiras, uma árvore de grande porte caiu sobre o muro de uma escola. Apesar do susto, ninguém se machucou.
No mês de junho, um motorista precisou levar 39 pontos na perna depois que uma árvore caiu em cima do carro dele na Rodovia Campinas-Mogi, na altura de Campinas.
O que dizem as instituições
Sobre os pedidos dos moradores do Jardim Novo Campos Elíseos, a CPFL informou à EPTV que a responsabilidade pela realização de podas de árvores e manejo da vegetação é das prefeituras, e que realiza podas emergenciais e preventivas quando há risco à população ou ao fornecimento de energia. Também falou que a árvore em questão não representa risco elétrico, mas vai enviar uma equipe para avaliar a necessidade de poda para livrar a fiação.
Já o secretário de Serviços Públicos de Campinas, Ernesto Paulella, explicou que a árvore do bairro está mesmo morta e que, nesses casos, o morador deve informar a característica da árvore, que está sem casca e seca, porque o caso vai para a prioridade 1. Diante disso, ele garantiu que uma equipe vai fazer a retirada ainda hoje (14).
Como funciona a retirada de árvores?
Após o morador registrar um pedido de poda ou retirada de árvore com problemas, equipes da Prefeitura vão até o local indicado para analisar a situação e se há necessidade de retirada. Paulella explica que a a avaliação de risco das árvores é feita em três níveis:
- Nível 1 – visualização (para ver se tem uma ferida, furos, parasitas, folhas amareladas…)
- Nível 2 – exame visual + laboratório (retirar material de dentro e mandar para o laboratório para ver o nível de fungo)
- Nível 3 – tomografia (análise interna da árvore para medir o grau de comprometimento interno da árvore)
Ele também explica que há diferenças em relação à raiz. Em alguns casos, quando a árvore é plantada em calçada, há uma compressão na calçada e em relação ao asfalto, o que não permite o total desenvolvimento das raízes.
“Nós tivemos, em 2023, 1.100 quedas de árvore por conta dos temporais. Isso deve ter sido um ato provocador das pessoas buscarem a remoção de árvores, mas 80% dos pedidos não entram nos critérios de remoção”, explica.
Hoje, a Prefeitura conta com 15 equipes que fazem as podas e retiradas de árvores na cidade. Antigamente, eram oito equipes, mas o número subiu neste ano por conta também do aumento nas solicitações. Mesmo assim, Paulella afirma que há um acúmulo de pedidos de remoção de alguns anos anteriores.
Ainda segundo o secretário, por mês são realizadas 1.300 podas de árvores em Campinas e, em média, 400 árvores com problemas são removidas mensalmente.
*Com informações de Júnia Vasconcelos/EPTV Campinas
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