Realidade em várias especialidades médicas, a telemedicina tem se mostrado um recurso eficiente também nas clínicas de cirurgia plástica. Em tempos de pandemia, esta é uma ferramenta que permite uma conexão segura com o paciente para atendê-lo nas mais variadas necessidades. Com as recomendações para o isolamento social, uma forma de evitar a disseminação do novo coronavírus, causador da Covid-19, a procura dos pacientes por atendimento remoto aumentou em cerca de 50% em muitas clínicas.
Em 16 de abril de 2020, por meio de decreto presidencial, foi sancionado o Projeto de Lei nº 13.989/20, que permite o uso da telemedicina durante a pandemia de Covid-19. Desde então, o recurso passou a ser prática diária nos consultórios médicos, incluindo as clínicas de cirurgia plástica do Brasil.
De acordo com levantamento realizado com 900 associados da SBCP, 43% dos cirurgiões plásticos brasileiros passaram a atendimentos on-line após o decreto presidencial. No período de pandemia, a ferramenta é um acessório importante na avaliação pré-operatória, no acompanhamento de pacientes a distância e também no seguimento tardio no pós-operatório. Vale ressaltar que o exame físico permanece como uma exigência essencial nos procedimentos de cirurgia plástica e dificilmente será substituído por exames virtuais.
O atendimento “sem fronteiras”, propiciado pela telemedicina, fez com que a procura aumentasse em 50% em muitas clínicas de Campinas. A ferramenta tem favorecido também as consultas on-line com pacientes que moram fora da cidade, em outros Estados e mesmo em outros países. Em avaliações e mesmo no pré-operatório, a consulta remota costuma adiantar as etapas de preparação para os procedimentos.
No dia a dia de clínicas e consultórios, o aprimoramento e o uso cada vez mais intensificado da telemedicina, como demonstra a pesquisa realizada com o apoio da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, vai permitir, de acordo com os especialistas ouvidos no estudo, aumentar a eficiência dos cuidados no pós-operatório e nos cuidados com pacientes que sofreram queimaduras, por exemplo. Facilidade de comunicação com as equipes médicas e conexão com pacientes que estão distantes dos principais centros, sem que isso afete a qualidade e a precisão dos serviços prestados, foram os outros dois pontos citados.
Vale a pena destacar que para o cirurgião plástico a teleconsulta, no estágio em que nos encontramos na pandemia, é eficiente para orientar o paciente. O exame físico continua sendo importante e é fundamental para que possamos decidir sobre os procedimentos que precisamos realizar.
Juliano Pereira – Cirurgião plástico, membro especialista e titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Coordenador do Departamento de Cirurgia Plástica da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (2018-2020 / 2021-2023).