Trabalhadores da Mercedes-Benz fizeram uma manifestação na manhã desta terça-feira (4) em Campinas, em oposição à terceirização de setores da unidade. Na semana passada, a montadora anunciou que passará por um processo de transição, terceirizando serviços e afetando aproximadamente 500 funcionários que trabalham no local. A implantação dessa mudança está prevista para ser concluída até o final de 2024.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, pelo menos dois ônibus transportando trabalhadores da empresa foram até à sede do Ministério Público do Trabalho da 15ª Região (MPT-15) para o protesto desta terça-feira. Os manifestantes exibiram faixas e cartazes, exigindo a preservação dos empregos.
Membros de movimentos sociais, estudantes da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e professores da rede pública também participaram da manifestação.
Durante a manhã, representantes dos trabalhadores se reuniram com procuradores do trabalho para discutir a questão da terceirização. Ficou estabelecido que o Ministério Público do Trabalho (MPT) atuará como mediador nesse processo. Uma audiência de mediação foi agendada para sexta-feira (7), às 10h, com o objetivo de buscar um acordo entre as partes envolvidas.
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ANÚNCIO DA TERCEIRIZAÇÃO
A unidade da montadora Mercedes-Benz, em Campinas, anunciou na semana passada que vai por um processo de transição com a terceirização de serviços. Segundo a empresa, o processo busca “maior eficiência, competitividade e agilidade no atendimento aos nossos clientes”.
O processo de transição está programado para ocorrer entre dezembro de 2023 e o final de 2024, e envolve diversas mudanças na unidade de Campinas.
Veja as mudanças anunciadas para a unidade de Campinas:
• Central de distribuição de peças de reposição: as atividades serão realizadas por uma empresa terceirizada em Itupeva. A transição desse processo ocorrerá de dezembro de 2023 a março de 2024.
• Atividades de pós-vendas e funções administrativas: serão transferidas para São Bernardo do Campo no primeiro semestre de 2024.
• Linha de remanufatura de peças: será terceirizada até o final de 2024.
A Mercedes-Benz informou também que iniciará negociações com o sindicato dos trabalhadores local para buscar alternativas e condições satisfatórias que levem ao melhor resultado possível para todas as partes envolvidas. Apesar de informar que irá negociar com a entidade a montadora não fala de forma clara em demissão e nem em realocação.
A montadora assegurou aos clientes que as mudanças estruturais não afetarão os atendimentos relacionados a caminhões e ônibus.
NOTA DE REPÚDIO
Em nota, a diretoria da FEM-CUT/SP (Federação Estadual dos Metalúrgicos) se solidarizou com os trabalhadores e informou que foi surpreendida pela decisão da montadora.
Confira a nota na íntegra abaixo:
“A diretoria da Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT/SP) vem a público para se solidarizar com os trabalhadores da Mercedes Benz, em Campinas, que foram surpreendidos com a decisão da empresa em terceirizar os trabalhos desenvolvidos na unidade.
A FEM-CUT/SP repudia a decisão unilateral e a postura da direção da fábrica, que optou primeiro por comunicar a decisão aos trabalhadores e, só após isto, procurar o Sindicato para negociar.
Para a FEM-CUT/SP, a direção da Mercedes não demonstra nenhuma sensibilidade ou responsabilidade com os trabalhadores, pais e mães de família que tiram o seu sustento do trabalho e são os grandes responsáveis pela produção da empresa.
Ainda, a direção da FEM-CUT/SP repudia o comunicado que demonstra que a única preocupação da Mercedes, neste momento, é com os seus negócios e os seus clientes.
A FEM-CUT/SP lembra que todas as entidades sindicais à ela filiadas sempre buscaram alternativas para os momentos de crise e para as mudanças no mercado, sem prejudicar as empresas e garantindo os empregos de milhares de trabalhadores.
A direção da FEM-CUT/SP e os 13 sindicatos filiados no Estado de São Paulo se solidarizam com os trabalhadores da Mercedes Benz, em Campinas, e afirmam que estão à disposição para apoiar toda e qualquer luta que seja necessária nesse processo”.
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