Campinas tem condições para se tornar o principal polo de ciência, tecnologia e inovação do país. A declaração foi feita pelo reitor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Antonio José de Almeida Meirelles nesta terça-feira (28), durante audiência na Câmara Municipal. Apesar da expectativa, a cidade caiu duas posições no ranking de inovação entre as cidades brasileiras.
Divulgado nesta semana, o ICE (Índice de Cidades Empreendedoras) 2023 colocou Campinas como a quarta mais inovadora do Brasil. O levantamento analisa e compara ecossistemas empreendedores e foi criado pela Endeavor e produzido pela Enap (Escola Nacional de Administração Pública). No ranking de 2022, a metrópole estava na segunda posição da categoria.
O LEVANTAMENTO
No ranking de inovação de 2023, em primeiro lugar aparece Florianópolis (SC), em segundo lugar Limeira e em terceiro lugar Campina Grande (PB). Campinas teve pontuação de 7,992.
A categoria leva em consideração:
- proporção de Mestres e Doutores em C&T (ciências, tecnologia, engenharias e matemática);
proporção de Funcionários em C&T - média de Investimentos do BNDES e FINEP
- infraestrutura tecnológica, que remete à presença de parque tecnológico na cidade
- contratos de concessão, que se pauta no percentual de contratos de propriedade intelectual depositados por empresa
- patentes
- tamanho da economia criativa
- tamanho da indústria inovadora
- tamanho das empresas TIC
Já no ranking geral de cidades empreendedoras, Campinas apareceu mais abaixo, em 28º lugar neste ano. No ano passado, a cidade estava na 27ª posição. Já em 2020, a cidade ocupava o 12º lugar.
FOCO
O reitor da Unicamp participou de uma reunião da Comissão de Ciência e Tecnologia realizada ontem na Câmara e durante a participação afirmou que Campinas deve participar do esforço nacional de reindustrialização, mas que esse processo deve ter como foco justamente os três eixos de desenvolvimento, ciência e tecnologia para gerar inovação em produtos, processos e serviços.
O reitor lembrou que a cidade registra um dos maiores PIBs (Produto Interno Bruto) do país e possui grande concentração de equipamentos científicos e tecnológicos como o CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais) e o Sirius, por exemplo, além de centros de pesquisa e inovação e suas várias universidades.
“Refletindo sobre os desafios que temos para transformar a nossa cidade no maior polo de desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação do país, a conclusão é a seguinte: o desafio é articular esse conjunto de atores”, afirma Meirelles.
Em 2019, Campinas teve o décimo maior PIB (Produto Interno Bruto) entre todos os municípios brasileiros e ficou em segundo lugar no PIB per capita, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O PIB sempre é consolidado nos dois anos seguintes, e por isso ainda não há dado mais atualizado.
POLÍTICA PARA COORDENADOR O ESFORÇO
Durante a reunião, o reitor indicou que para os avanços, é preciso esforço político.
“Quem tem de coordenador esse esforço é o universo da política. A Câmara Legislativa, os vereadores, prefeitos, governos municipais da região e os governos estadual e federal. É a esfera da política que pode articular esse conjunto de interesses, que tem conflitos, mas que também tem sobreposições e possibilidades de encontrar pontos de convergência”, acredita.
Apesar da responsabilidade dos agentes públicos, Antonio também reforça a importância de que a população se interesse pelo assunto.
“O nosso desafio é fazer com que isso se transforme também em uma agenda de interesse para a nossa população. Inovação tem de virar uma bandeira popular. Que o povo se identifique com ela”, diz o reitor.