A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) anunciou a criação do Cemobe (Centro de Pesquisa em Mobilidade Elétrica), o primeiro da América Latina totalmente dedicado ao desenvolvimento de soluções voltadas à mobilidade elétrica, sistemas híbridos, veículos agrícolas eletrificados e infraestrutura para testes e certificações.
Estrutura e investimento na Unicamp
O projeto já nasce com estrutura robusta: são mais de 20 iniciativas em andamento e uma equipe multidisciplinar formada por mais de 200 pós-graduandos, 100 alunos de graduação, 33 docentes e 40 empresas parceiras, com R$ 105 milhões mobilizados em projetos vigentes.
Além disso, o Cemobe contará com uma sede própria de 1.600 m², prevista para ser concluída em até dois anos. A construção será viabilizada por um aporte inicial de R$ 15 milhões da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), conquistado por meio de um edital nacional altamente competitivo. Na área de mobilidade elétrica, o centro da Unicamp foi o único projeto aprovado no país.
Coordenado pelo professor Tárcio Barros, da FEEC (Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação), o Cemobe está vinculado ao Cepetro (Centro de Estudos de Energia e Petróleo), unidade estratégica da universidade voltada à transição energética. A nova sede será instalada no HIDS (Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável), iniciativa que visa transformar a região em um distrito de inovação inteligente.
“O Cemobe será o primeiro centro na América Latina com estrutura própria e equipamentos de ponta voltados exclusivamente para a mobilidade elétrica. Nosso objetivo é ser um polo integrador entre universidade e indústria, capaz de acelerar o desenvolvimento tecnológico e dar respostas às demandas brasileiras de forma customizada”,
destaca o coordenador.
Pesquisas aplicadas ao contexto nacional
O centro reúne docentes de várias unidades da Unicamp, como as Faculdades de Engenharia Elétrica, Mecânica, Agrícola, Química e o Instituto de Geociências. Os projetos tem o objetivo de atender desafios reais da mobilidade e da transição energética no Brasil, de acordo com a Unicamp.
Entre os principais objetivos estão:
- Eletrificação do transporte, com foco em veículos híbridos e elétricos;
- Sistemas de armazenamento de energia, como baterias, supercapacitores e células a combustível;
- Tecnologias de tração alternativas à combustão, promovendo soluções de baixo carbono;
- Sistemas de gerenciamento de energia e potência, voltados à eficiência e à segurança operacional;
- Eletromobilidade, incluindo o desenvolvimento de estações de recarga e dispositivos de micromobilidade;
- Eletrificação de veículos e implementos agrícolas, com ênfase em precisão, redução de insumos e menor impacto ambiental;
- Estudos sobre os impactos sociais da mobilidade elétrica, contribuindo para políticas públicas mais eficazes.
Além da pesquisa, o centro funcionará também como um espaço de testes e certificações, com laboratórios de motores elétricos, eletrônica de potência, dinâmica veicular, armazenamento de energia e oficina de prototipagem rápida.
Perspectiva de expansão
A iniciativa faz parte de um plano mais amplo: transformar o Cemobe em sede de uma rede nacional de laboratórios multiusuários voltados à eletromobilidade, com acesso aberto para a academia e para a indústria.
“Queremos envolver a iniciativa privada na criação conjunta de novos laboratórios. Já recebemos visitas de empresas internacionais interessadas, e estamos preparados para ampliar significativamente nossa atuação”,
reforça Tárcio Barros.
A expectativa da universidade é que o centro funcione também como catalisador de ações sustentáveis e de formação de talentos para o setor, consolidando a posição da Unicamp como referência nacional em energia, inovação e mobilidade de baixo carbono.
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