Ninguém demonstrou interesse em comprar o Cerecamp (Centro Esportivo e Recreativo de Campinas “Dr. Horácio Antônio da Costa”), que teve a segunda tentativa de leilão realizada de forma online nesta quinta-feira (13). Conhecido como Estádio da Mogiana, localizado no Jardim Guanabara, o espaço está interditado há mais de dois anos por conta das más condições estruturais e de segurança do complexo.
O governo do estado de São Paulo tenta vender o estádio desde outubro do ano passado, quando ocorreu o primeiro pregão, também encerrado sem nenhum lance. Na época, o valor mínimo estipulado foi em R$ 28,6 milhões, e, na tentativa de hoje, caiu para R$ 25,7 milhões, o que acabou não ajudando a atrair compradores.
Vereador quer transformar Estádio da Mogiana em parque
Um dia antes de mais um leilão deserto, o vereador Gustavo Petta (PCdoB) revelou que vai protocolar nesta sexta-feira (14) um requerimento para criação de uma CEE (Comissão Especial de Estudos) visando à criação de um parque na região do estádio do Cerecamp. O anúncio foi feito durante a 4ª Reunião Ordinária da Câmara, realizada na noite de ontem (12).
Para Petta, a falta de interessados em comprar o estádio é resultado do tombamento do local e, por isso, o poder público municipal e estadual deveriam se unir para a revitalização da área e a criação de um parque. “Nas grandes cidades do mundo esse movimento já vem sendo feito até com desapropriação, nesse caso não precisaríamos já que o equipamento é público. Em São Paulo tivemos casos assim para a construção do Parque Augusta e Parque Bixiga”, exemplifica.
O projeto, que será discutido e analisado na CEE, contemplaria não só o estádio, mas outras áreas de lazer no entorno. “A criação desse parque valorizaria a região, além de garantir mais uma área de lazer para a população da cidade, mantendo o Estádio do Mogiana como patrimônio”, defende Petta, acrescentando que a Comissão ouviria a Prefeitura, governo estadual, moradores e comerciantes da área, além de entusiastas e apoiadores do estádio como patrimônio de Campinas.
Desafios da venda
Por ser tombado em duas instâncias, no Condepacc (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Cultural de Campinas) e pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), o futuro comprador terá restrições para reestruturar o local. O campo de futebol e as duas arquibancadas, que são revestidos de trilhos de trem da antiga empresa férrea, precisam ser preservados.
O Estado não informou se há previsão para que um novo leilão aconteça em breve.
Por que Estádio da Mogiana foi a leilão?
Em nota enviada ao acidade on, a SGGD (Secretaria de Gestão e Governo Digital), explicou que o Estádio da Mogiana se encontra “ocioso e vago” e, por conta disto, a CPE (Coordenadoria de Patrimônio do Estado), órgão vinculado à Pasta, decidiu levá-lo a leilão.
Ainda de acordo com a SGGD, a iniciativa vem em consonância com o decreto nº 68.538/2024, que institui o Plano São Paulo na Direção Certa e define as diretrizes e ações a serem implementadas para modernização da Administração Pública estadual. Um dos eixos deste Plano é a expansão do investimento através da alienação onerosa, que envolve a transferência voluntária de direitos de um imóvel público para um terceiro.
“Com os recursos advindos da negociação, o Governo de SP irá otimizar os recursos públicos e promover o desenvolvimento urbano, econômico e de políticas públicas na região”, diz a nota.
O acidade on questionou a secretaria de Esportes do Estado se houve tentativas de resolver a situação da área desocupada, mas a Pasta retornou informando apenas que “tem buscado alternativas para fomentar a prática desportiva na região”.
O que diz a Prefeitura de Campinas
Em nota, a Prefeitura de Campinas afirmou que o leilão do Estádio da Mogiana integra o conjunto de ações dentro de um termo de cooperação técnica para requalificação da área central, firmado entre a Prefeitura, BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), CDHU (Companhia de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Estado de São Paulo) e Agemcamp (Agência Metropolitana de Campinas).
A expectativa da Administração é que o leilão “possibilite a recuperação desse importante patrimônio histórico e esportivo da cidade”.
Ainda de acordo com a Prefeitura, o governo do Estado pode vender o imóvel, já que o tombamento não retira o direito de propriedade, e sim estabelece limitações ao direito de uso da propriedade. Nesse sentido, independentemente se a propriedade for pública ou privada, qualquer intervenção no bem deve obedecer às restrições impostas pelo tombamento.
Sobre o Estádio da Mogiana
Inaugurado em 1940, o estádio foi construído originalmente para servir como espaço de recreação para os funcionários da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, e já figurou entre os principais estádios do país. O local entrou para a história ao receber o primeiro dérbi noturno entre Guarani e Ponte Preta, sendo, na época, o único estádio da cidade com torres de iluminação. Além disso, sediou edições importantes dos Jogos Abertos do Interior.
Entretanto, desde 2009, a arquibancada com capacidade para mais de quatro mil pessoas, estão desativadas. Mesmo depois disso, ainda houve partidas sem a presença de público, com o último jogo realizado em 12 de janeiro de 2011, quando o Red Bull Brasil venceu o Athletico-PR por 3 a 1, pela Copa São Paulo de Futebol Júnior. Em 2023, o Estádio da Mogiana foi interditado pelo governo do Estado por conta das más condições.
O espaço tem 26,5 mil m² distribuídos em um campo de futebol com arquibancadas com capacidade para cinco mil pessoas, além de uma quadra poliesportiva, uma pista de atletismo e um mini campo de futebol de areia.
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