O BC (Banco Central) admitiu oficialmente que a meta de inflação será descumprida pelo segundo ano seguido em 2022, como consta em Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do segundo trimestre, divulgado nesta quinta-feira (30).
A probabilidade de a inflação superar o teto da meta neste ano passou de 88%, em março, para 100% em junho. Para 2023, o BC estimou que a probabilidade de superar o teto pulou de 12% para 29%.
Este cenário indica um IPCA, o índice oficial da inflação, de 8,8% para este ano e 4,0% no próximo. Em 2022, a meta central de inflação é de 3,50% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar entre 2% e 5%. Já para o próximo ano, a meta foi fixada em 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.
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Quando o teto da meta de inflação é superado, o Banco Central tem de escrever uma carta pública explicando as razões. Em janeiro deste ano, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, justificou que o estouro da meta em 2021 aconteceu por causa do aumento dos preços de “commodities” (produtos básicos com cotação internacional, como alimentos e minério), da energia e da falta de insumos. Em 2021, o IPCA somou 10,06%, o maior desde 2015. Com isso, ficou bem acima do teto da meta para 2021, que era de 5,25%.
O relatório de inflação do segundo trimestre, originalmente, deveria ter sido divulgado no dia 23, mas, devido à greve dos servidores do BC, foi adiada para esta quinta, prazo final.
O cenário, porém, não considera o efeito das medidas tributárias propostas pelo governo para baixar os preços de itens essenciais, como combustíveis e energia. No mercado, a aprovação da limitação da cobrança de ICMS para esses produtos a 17% ou 18% tem provocado revisão de baixa forte para 2022, mas de alta para 2023.
Para tentar cumprir a meta do próximo ano, o BC elevou neste mês a taxa básica de juros para 13,25% ao ano, o maior patamar desde 2016. A instituição também indicou que a Selic ficará alta por um período maior de tempo.
PIB
Embora o relatório de inflação tenha sido divulgado somente nesta quinta-feira, na semana passada o diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, antecipou alguns números do relatório em entrevista coletiva.
Na ocasião, o Banco Central elevou de 1% para 1,7% sua estimativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) deste ano.
A previsão do Banco Central para o crescimento da economia brasileira supera a divulgada pelo governo federal. Pelas projeções do Ministério da Economia, o PIB deve crescer 1,5% neste ano.
Já para o segundo semestre deste ano, porém, o Banco Central espera desaceleração da atividade econômica. Segundo a instituição, a incerteza permanece maior do que a usual em razão da guerra na Ucrânia e dos riscos crescentes de desaceleração da economia global.
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