Por Eduardo Rodrigues
O governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), afirmou nesta quarta-feira, 5, ter conversado com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para ajudar nas negociações para encerrar o movimento de paralisação dos auditores da Receita Federal. A operação padrão dos servidores do órgão já causa filas nas fronteiras do Brasil com países vizinhos ao Norte do País.
Circula em grupos de auditores um vídeo com cerca de 200 caminhões na fila da alfândega em Pacaraima (RR), na divisa com a Venezuela. Segundo Denarium, o número de carretas paradas na região chega a 800, na capital Boa Vista e em Manaus (AM). “Falei com o ministro da Economia, Paulo Guedes, que está sensibilizado com essa situação e também com o chefe geral da Receita em Brasília, Julio Cesar Viera Gomes. Estão abertas as negociações para o reconhecimento do bônus salarial de todos os auditores da Receita”, afirmou.
O governador disse apoiar tanto os caminhoneiros quanto a necessidade de reposição salarial dos auditores fiscais. “O governo do Estado está preocupado com a situação e estamos reunidos com os delegados da Receita Federal em Boa Vista, com o Sindifisco (Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal) e com as empresas transportadoras. Trabalhamos em uma negociação para a abertura de nossas fronteiras para as exportações”, completou.
A crise entre o governo Jair Bolsonaro e a elite do funcionalismo público federal continua se alastrando. Após os servidores da Receita Federal e do Banco Central entregarem seus cargos comissionados, o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) mostrou nesta quarta que mais de 150 auditores-fiscais do Trabalho já deixaram seus postos de chefia ou coordenação. Como no caso da Receita, os auditores do Trabalho cobram ainda a regulamentação do bônus variável por eficiência, que foi aprovado pelo Congresso Nacional há cinco anos, mas ainda não entrou em vigor.
Segundo o Sindifisco, mais de 1.200 auditores já haviam entregado os cargos o começo desta semana, em um total de 7.500. Já a Associação Nacional dos Servidores Efetivos das Agências Reguladoras Federais (Unareg) enviou ofícios pleiteando a recomposição salarial a diversas autoridades federais, incluindo o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente Bolsonaro.
A mobilização por aumento salarial também avança dentro do Banco Central. Segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Fábio Faiad, 1.200 funcionários sem cargos comissionados ou previstos para substituição já aderiram ao movimento – mais de um terço do total de servidores na ativa (3.500) -, se comprometendo a não assumir funções de comissão.
O Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) aprovou no fim de dezembro um calendário de mobilização de servidores públicos por reajuste salarial, incluindo paralisações em janeiro – a primeira no dia 18 -, e assembleias em fevereiro para deliberar sobre uma greve geral.
O movimento começou após o presidente Bolsonaro anunciar em dezembro que faria uma reestruturação das carreiras policiais ligadas ao Ministério da Justiça, como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal. Mesmo com o alerta da equipe econômica do risco de uma revolta generalizada no funcionalismo, o Planalto chegou a reservar R$ 1,7 bilhão no Orçamento de 2022 para atender apenas as categorias de segurança que são base de apoio do governo.