Vocês se lembram, leitor e leitora amiga, das tirinhas do Hagar, o Terrível e seu parceiro tipo topa-tudo, o Eddie Sortudo? Os dois sempre estão juntos, em todos os momentos, seja na alegria ou na dor e até mesmo nas trapalhadas em que eles se metem.
Uma vez, em uma turma de alunos de oratória, ganhei, do saudoso Lino Strambi, um quadro de uma das tirinhas do Hagar. Nela, Hagar e Eddie Sortudo estão acuados por um batalhão de inimigos. Sem saber como se sair daquela situação de vida ou morte, os inimigos já de lanças apontadas para os dois, Hagar implora ao parceiro:
– Sortudo, diga a eles para não nos ameaçarem!
Sortudo, todo tatibitate, tipo “sei lá, não sei”, murmura, mais que diz ou fala:
– Eu não consigo, Hagar! Tenho medo de falar em público!
Medo de falar em público é uma das fobias sociais que atinge uma parcela significativa de pessoas. Aliás, a própria palavra fobia, na sua origem mitológica grega, significa Medo. E, se Fobos é medo, como chamamos o medo do Sortudo, o de falar em público? Aos que têm este tipo de trava, que nos trava a língua, chamamos de Glossofobia, que, literalmente, é o medo de usar a língua, de falar.
E junto com glossofobia, Sortudo, como todos nós, tem medo do que “vão pensar de mim”, daí o medo de falar em público, o famoso medo da opinião “dozotro”.
Aí já evocamos outra palavra, que é a catagelofobia, ou seja, prima direta da Glossofobia, da mesma família Fobos. E, se vocês pensaram, leitores, que é para “catar gelo na geladeira”, enganam-se. Se fobia é medo, Ghelos, em grego é Riso. Já adivinharam onde vamos chegar, certo? Sim, Sortudo tem fobos (medo) de que (ghelos) riam dele.
Não é aterrador termos mais medo da morte do que falar em público? E por isso, travamos nas travas dos trava-línguas? E é por isso que quero recomendar fortemente um vídeo do TED para vocês. Assistam! É da Lena Souza. Quem é ela? Simplesmente, campeão mundial de oratória da JCI – Junior Chamber International.
Depois de assistir a esse TED – “do medo à confiança: a tímida que ama falar em público”, não estranhe se você disser:
– Cadê o palco? Cadê o microfone? Cadê público à minha frente? Eu quero a luz dos holofotes!
Se, na tirinha do Hagar, Sortudo vir este TED, certamente dirá aos inimigos:
– Galera, que tal antes de vocês nos matarem, a gente fazer um combinado bem bolado?
Qual foi o combinado do bem bolado? Não sei, leitores! O quadrinho está lá na parede, e o Sortudo tá que conversa direto com os seus inimigos.