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EconomiaBanco Central adia terceira fase do open banking para 29 de outubro

Banco Central adia terceira fase do open banking para 29 de outubro

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Banco Central cedeu ao pedido de bancos e fintechs e adiou para 29 de outubro a implementação da terceira fase do open banking, que estava prevista para começar nesta segunda-feira (30).

Desde a semana passada as instituições financeiras têm pedido o adiamento da terceira fase ao BC. O motivo do pedido seria o curto prazo que separava a implementação do primeiro ciclo da segunda fase, em 13 de agosto -que já havia sido adiada pela autoridade monetária- e a terceira fase, antes prevista para 30 de agosto.

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“O pedido feito ao Banco Central decorreu da necessidade de ajustes nas especificações técnicas, que comprometeu o prazo para realização de testes para a certificação das instituições”, disse o BC em nota nesta sexta (27).

“O Banco Central reforça o seu compromisso para que o open banking alcance os seus objetivos, de forma segura e efetiva para os clientes das instituições participantes, permanecendo vigilante no processo de sua implementação.”

Em entrevista feita a jornalistas no início do mês, o diretor de inovação, produtos e serviços da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Leandro Vilain, já havia afirmado que a janela de intervalo entre as duas implementações estava apertada e que as instituições tendem a priorizar a segurança dos clientes.

“O cronograma está insano, mas o setor bancário não vai fazer nenhuma loucura. Obviamente que temos uma regulação e vamos tentar segui-la, mas a proteção de dados e segurança do sistema bancário vem em primeiro lugar”, disse.

“A junção [do primeiro ciclo] da fase dois para a fase três atrapalha muito porque é uma janela muito pequena. A fase dois acontecerá sem grandes percalços, mas a fase três ainda tem vários pontos que cabem para a infraestrutura ainda ser acertada. Ainda tem pontos nos aplicativos e especificações em aberto”, completou Vilain.

Com a terceira fase do open banking, surge a possibilidade de compartilhamento dos serviços de iniciação de transações de pagamento e de encaminhamento de proposta de crédito.

“Isso possibilita o acesso a serviços financeiros de forma mais fácil, célere e por meio de canais mais convenientes para o cliente, preservando a segurança do processo”, afirmou a autoridade monetária em seu site.

O compartilhamento de dados só poderá ser feito com a autorização expressa do cliente e sempre para finalidades determinadas e por um prazo específico. Caso queira, o cliente também poderá cancelar essa autorização a qualquer momento e em qualquer das instituições envolvidas.

Segundo o gerente de estratégia da Quanto, Gustavo Bresler, a terceira fase representa o primeiro momento desde a chegada do open banking que vai permitir desacoplar o produto da interface de interação das instituições financeiras.

“O cliente poderá fazer movimentação de conta sem necessariamente estar em um aplicativo de banco. Isso abre espaço para que várias novas formas de uso acabem surgindo”, afirmou.

“Poderemos ver algo voltado para varejistas ou para o pagamento automático em aplicativos de economia compartilhada como Uber e Ifood, por exemplo, e até a oportunidade para novos produtos e serviços, como a gestão financeira centralizada, com todas as contas em um único canal”, completou.

Entre os demais benefícios previstos do Banco Central para a implementação do open banking estão a maior competição entre as instituições -que devem trazer tarifas mais baixas e condições mais vantajosas ao consumidor- e uma experiência melhor no uso de produtos e serviços financeiros.

Para Elaine Regina Shimoda, chefe de inovação do Mercado Pago, já existem características de pagamento que poderão ser beneficiadas.

“Uma grande dor que temos visto hoje é o Pix Copia e Cola, principalmente para a compra feita no mobile, que precisa copiar um código gigantesco em uma plataforma e depois abrir o aplicativo do banco para só então poder pagar. Essa terceira fase já pode melhorar muito a experiência do cliente no comércio eletrônico”, disse.

A executiva afirma, ainda, que a tendência é que a queda nos preços seja mais influenciada pela troca de informações, mas que esses efeitos ainda podem demorar um pouco para serem sentidos pelo consumidor.

“A partir do momento que o consumidor se empodera e consegue usar suas informações para circular no mercado, as empresas já começam a oferecer produtos com melhores preços. Mas, de forma realista, é preciso dizer que esse também é um processo de aprendizado para o mercado, que cada vez mais rápido precisa amadurecer seus modelos de negócio”, afirmou Shimoda.

O BC estabeleceu um escalonamento para a implementação do sistema. A terceira fase, que começaria na segunda (30), com a implementação da iniciação de pagamentos no Pix, contará ainda com outros três ciclos.

Todas as outras partes da terceira fase virão em 2022 (o BC não alterou essas outras datas), com a iniciação de pagamentos com TED e transferências entre contas na mesma instituição em 15 de fevereiro; a iniciação de pagamentos de boletos em 30 de junho e a iniciação de pagamentos com débito em conta em 30 de setembro.

Segundo o Banco Central, a modalidade de encaminhamento de proposta de crédito está prevista para 30 de março do ano que vem.

“A partir dessa data, clientes poderão em ambientes eletrônicos solicitar propostas de crédito, como empréstimos e financiamentos, a várias instituições (bancos, financeiras, cooperativas, por exemplo) ao mesmo tempo. Ficará mais fácil comparar taxas, prazos e outras condições”, afirmou a autarquia.

A quarta fase do open banking ainda está prevista para 15 de dezembro. “Tem alguns riscos. As equipes técnicas estão trabalhando, mas muitas vezes dependemos de fornecedores externos e companhias contratadas. Isso é um processo que toma tempo”, disse Vilain em entrevista a jornalistas no início do mês.

O BC também afirmou que o open banking é um ecossistema que estará em constante evolução e que os benefícios e casos de uso devem ficar mais visíveis com o tempo, a partir de soluções de mercado e dos novos modelos de negócios que serão desenvolvidos.

“Esperamos que diversos outros produtos e serviços se desenvolvam nos próximos anos, a partir do maior amadurecimento dos processos das instituições e das novas demandas de serviços financeiros pela sociedade”, completou.

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