SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa de Valores brasileira recuou 0,80% nesta terça-feira (31), fechando o dia com 118.781 pontos, sob efeito da variação das commodities e da preocupação do mercado em relação aos riscos político e fiscal.
Analistas também apontam esses fatores como determinantes para que o índice tenha encerrado agosto com uma queda acumulada de 2,48%.
Influenciadas pelo recuo do petróleo nesta terça, o Brent, referência mundial, caiu 0,57%, a 72,99 dólares (R$ 375,41), as ações preferenciais da Petrobras (PTR4) fecharam o pregão com queda de 3,92%, figurando entre os principais resultados negativos da Bolsa nesta terça.
Em conversa com apoiadores, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a manifestar intenção de interferir no preço dos combustíveis.
“Então agora está saneada a Petrobras, a gente começa agora a trabalhar na questão do preço dos combustíveis”, disse o presidente.
A queda do minério de ferro devido à redução da expectativa de demanda na China também pesou na Bolsa brasileira, segundo Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. “Após dados abaixo do esperado em julho pela indústria e varejo, as primeiras informações de agosto revelaram um quadro de desaceleração”, comentou.
O dólar fechou em queda de 0,32%, a R$ 5,1720, ainda refletindo a indicação do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) de que a retirada de estímulos à economia não será necessariamente acompanhada de elevação da taxa de juros, segundo João Vitor Freitas, analista de investimentos da Toro. “Por separar tudo isso, o mercado acabou sentindo um pouco de alívio”, disse.
No mês, a moeda americana acumula queda de 0,41% frente ao real.
No exterior, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram 0,11% ,0,13% e 0,04%, respectivamente.
A crise hídrica e seus efeitos no aumento da inflação também pressionaram negativamente o mercado de ações brasileiro em agosto.
Nesta terça, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) anunciou a criação de uma nova bandeira tarifária para fazer frente ao aumento dos custos de geração de energia.
Chamada de “Escassez Hídrica”, a nova bandeira custará R$ 14,20 a cada 100 kWh (quilowatt-hora) e vigora a partir desta quarta-feira (1°) até abril de 2022. Segundo a agência, a nova bandeira vai gerar uma alta de 6,78% na conta de luz.
O Orçamento de 2022, cuja proposta foi apresentada nesta terça-feira ao Congresso, é também um dos fatores de estresse para o investidor, segundo Pedro Lang, da Valor Investimentos.
“O mercado está mais uma vez estressado com o Orçamento, que parece não se sustentar, e isso traz uma preocupação com a questão fiscal”, avaliou Lang.
A proposta apresentada pelo governo ainda não traz solução para a explosão de gastos com precatórios em 2022, estimados em R$ 89,1 bilhões, embora tenha mantido a previsão de pagamento integral da dívida no ano que vem.