RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Em meio a dificuldades climáticas, o PIB (Produto Interno Bruto) da agropecuária deve crescer menos neste ano, indica o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Nesta quinta-feira (26), o instituto reduziu sua estimativa de alta para o indicador em 2021, de 2,6% para 1,7%.
“O ajuste nas projeções foi motivado, principalmente, pela redução nas estimativas de produtividade e produção de culturas importantes (como a do milho), devido a impactos climáticos adversos da ocorrência de um fenômeno La Niña mais severo nesta safra, e pela piora do cenário para a produção de bovinos”, afirmou o Ipea em nota.
A previsão de alta de 2,6% havia sido feita em junho. De lá para cá, a seca se intensificou no país, prejudicando lavouras diversas.
O La Niña é visto como um dos motivos da crise hídrica porque afeta a distribuição de chuvas. No Brasil, esse fenômeno costuma provocar estiagem no Centro-Sul.
Se confirmado, o avanço de 1,7% marcará o quinto ano consecutivo de crescimento da agropecuária. O cálculo leva em conta o valor adicionado pelo setor no PIB.
Em relação à produção vegetal em 2021, os pesquisadores revisaram a alta de 2,7% para 1,7%. O desempenho positivo, diz o Ipea, é sustentado pelos avanços na soja (+9,8%), no trigo (+36%) e no arroz (+4,1%).
Esses resultados compensam as quedas estimadas para as culturas de milho (-11,3%), cana-de-açúcar (-3,2%) e café (-21%), que também sofreram com geadas em julho.
“O rendimento do milho em 2021, em especial, foi muito prejudicado pelo atraso na colheita da soja, que retardou o plantio da segunda safra, ficando dependente de chuvas tardias que não ocorreram”, aponta o Ipea.
Na produção animal, a previsão de alta foi revista de 2,5% para 1,8%, com crescimento para a maior parte dos segmentos, exceto na produção de bovinos, que deve ter queda de 1%. O Ipea destaca que há atraso na retomada dos abates de bovinos.
Para 2022, o Ipea projeta um crescimento de 3,3% para o PIB agropecuário. A previsão foi feita a partir das primeiras informações disponibilizadas pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para a produção vegetal e das estimativas do Grupo de Conjuntura do Ipea para a produção animal.
“Esperamos uma recuperação da oferta de bovinos no ano que vem, tendo transcorrido tempo suficiente para a recomposição do rebanho após o pico em 2019”, indicou Pedro Garcia, pesquisador associado do Ipea, em nota.