BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A dívida bruta do governo foi a 83,8% do PIB (Produto Interno Bruto) em julho, redução de 0,1 ponto percentual em relação ao mês anterior. Os dados foram divulgados pelo BC (Banco Central) nesta terça-feira (31).
Esta é a quinta queda consecutiva do endividamento do país em relação ao PIB. “O percentual é o menor desde junho de 2020”, disse o chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha.
Segundo ele, apesar de terem crescido as emissões de títulos para financiamento da dívida e da desvalorização cambial, que empurrariam a dívida para cima, o movimento foi compensado pela elevação do PIB.
“As emissões líquidas de dívida aumentaram o montante em 0,7 ponto percentual e a desvalorização cambial em 0,1 ponto, mas esses dois fatores foram compensados pelo efeito do aumento do PIB nominal que acabou prevalecendo”, explicou Rocha.
Na comparação anual, houve redução de 5 pontos percentuais.
De acordo com a autarquia, o resultado se deu principalmente por causa do aumento do PIB no período, que contribuiu em 0,9 ponto percentual.
No total, a dívida bruta somou R$ 6,79 trilhões em julho. Se for considerado o valor em reais, a dívida manteve trajetória de crescimento nos últimos meses. Em junho, o montante somava R$ 6,72 trilhões e R$ 6,69 trilhões em maio.
A comparação é feita em relação à atividade econômica para mostrar se a dívida do governo é sustentável.
O endividamento registrou crescimentos expressivos por mês desde o início da pandemia de Covid-19. Depois da chegada do vírus ao país, o governo teve de gastar mais em programas emergenciais, como o auxílio emergencial e linhas de crédito para empresas.
Em fevereiro deste ano, a dívida alcançou 89,27% do PIB, maior percentual da série histórica iniciada em 2006. No mesmo mês de 2020, último antes dos impactos da crise sanitária, a dívida estava em 75,16%.
A partir de março, contudo, o endividamento em relação ao PIB começou a cair.
Segundo expectativas do mercado coletadas pelo BC, os economistas consultados projetam que a dívida encerre o ano em 82,1% do PIB e volte a crescer nos anos seguintes, chegando a 85,4% em 2024.
A dívida líquida, que desconta os ativos do governo, também registrou queda de 0,5 ponto percentual em julho e chegou a 60,3% do PIB. Segundo o BC, o crescimento da atividade econômica contribuiu em 0,7 ponto e a alta do dólar de 2,4% no mês puxou 0,4 ponto para baixo.
Quando o dólar sobe, há redução no valor da dívida líquida em reais porque são descontadas as reservas internacionais, mensuradas em moeda americana.
“Sobre a dívida líquida, o crescimento do PIB nominal foi suficiente para cobrir o déficit primário e a desvalorização cambial acabou reduzindo o endividamento”, ressaltou Rocha.
Pela metodologia do BC, o setor público registrou déficit primário de R$ 10,3 bilhões em julho. No acumulado do ano, as contas públicas tiveram resultado negativo de R$ R$ 15,5 bilhões.
O resultado primário indica a capacidade do governo de pagar as contas, excluindo os encargos da dívida pública. Se as receitas são maiores que as despesas, há superávit. Caso contrário, há deficit.
O resultado nominal, que inclui o custo da dívida, foi deficitário em R$ 55,4 bilhões no mês.
Em julho, o governo desembolsou R$ 45,1 bilhões com juros da dívida pública. No mesmo mês do ano passado, foram R$ 5,8 bilhões.
O aumento foi influenciado por perdas em operações de swap cambial (operações de troca com o mercado entre variação cambial e variação de juros) realizadas pelo BC, que somaram R$ 8,9 bilhões.
Além disso, o aumento da inflação e da taxa básica de juros (Selic) no período elevou os gastos da dívida.
No acumulado em doze meses, os juros alcançaram R$ 323,5 bilhões, ante R$ 338,1 bilhões nos doze meses terminados em julho de 2020.