São Paulo, 8 – O Índice de Preços de Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) alcançou média de 159,3 pontos em março, alta de 17,9 pontos (12,6%) ante fevereiro e o maior nível já alcançado desde o início da avaliação, em 1990. A alta foi liderada pelos aumentos dos subíndices de preços de óleos vegetais, cereais e carnes. Os subíndices de preços de açúcar e de laticínios também avançaram significativamente.
O subíndice de preços dos cereais registrou média de 170,1 pontos em março, um aumento de 24,9 pontos (17,1%) em relação a fevereiro e o maior patamar desde 1990. Segundo a organização, a alta foi sustentada pelas interrupções de exportação relacionadas à Ucrânia e, em menor grau, à Rússia. “A perda esperada de exportações da região do Mar Negro exacerbou a já restrita disponibilidade global de trigo”, destacou a FAO também mencionado as preocupações sobre as condições das safras nos Estados Unidos, que elevaram os preços globais do trigo 19,7%.
Os preços globais do milho, cevada e sorgo também atingiram seus níveis mais altos desde 1990, impulsionados pelas restrições à exportação da Ucrânia. “Os elevados custos de energia e fertilizantes sustentaram ainda um aumento de 19,1% nos preços mundiais do milho mês a mês”, pontua a FAO.
O levantamento mensal da FAO também mostrou que o subíndice de preços dos Óleos Vegetais registrou média de 248,6 pontos em março, um aumento de 46,9 pontos (23,2%) ante fevereiro, marcando um novo recorde. Os ganhos foram sustentados principalmente pelo aumento dos preços dos óleos de girassol, palma, soja e Colza.
“As cotações internacionais do óleo de girassol aumentaram substancialmente em março, impulsionadas pela redução da oferta de exportação com o conflito na região do Mar Negro. Por causa disso, os preços do óleo de palma, soja e colza também aumentaram acentuadamente, impulsionados pelo aumento da demanda global de importação com interrupções no fornecimento de óleo de girassol”, destacou a FAO.
Ainda segundo a entidade, os valores globais de óleo de palma receberam apoio adicional em virtude da falta de oferta nos principais países produtores e os preços do óleo de soja foram sustentados por preocupações com a redução das disponibilidades de exportação na América do Sul. Os valores voláteis e mais altos do petróleo também deram suporte aos preços internacionais dos óleos vegetais.
Na sondagem mensal da FAO, o subíndice de preços das Carnes apresentou média de 120 pontos em março, alta de 5,5 pontos (4,8%) em relação ao mês anterior e também um recorde histórico. Em março, os preços da carne suína tiveram o maior aumento mensal já registrado desde 1995, sustentado pela falta de oferta de suínos para abate na Europa Ocidental e pelo aumento na demanda interna devido ao feriado da Páscoa.
“Os preços internacionais das aves se firmaram, impulsionados pela redução da oferta dos principais países exportadores após surtos de gripe aviária e pela incapacidade da Ucrânia de exportar aves em meio ao conflito”, salientou a FAO. Segundo o levantamento, os preços da carne bovina também se firmaram com a oferta restrita de gado pronto para abate em algumas regiões produtoras importantes, enquanto a demanda global permaneceu sólida.
O subíndice de preços de Laticínios registrou média de 145,2 pontos em março, alta de 3,7 pontos (2,6%) em relação a fevereiro, marcando o sétimo aumento mensal consecutivo, e colocando o índice 27,7 pontos (23,6%) acima de seu valor um ano atrás. Em março, as cotações internacionais de todos os produtos lácteos representados no índice se firmaram principalmente apoiadas pelo aperto dos mercados com a produção restrita de leite na Europa Ocidental e Oceania.
“As cotações de manteiga e leite em pó aumentaram acentuadamente, sustentadas por um aumento na demanda de importação para entregas de curto e longo prazo, especialmente dos mercados asiáticos, e uma sólida demanda interna na Europa Ocidental”, informou a organização. Ainda segundo o levantamento, os mercados de queijo também estavam enfrentando uma situação de oferta apertada por causa da forte demanda interna na Europa Ocidental, mas o valor do índice diminuiu marginalmente, refletindo o efeito dos movimentos cambiais.
A FAO ainda registrou média de 117,9 pontos em março para o subíndice de preços do Açúcar. Alta de 7,4 pontos (6,7%) em relação a fevereiro, revertendo a maior parte das perdas dos três meses anteriores e atingindo níveis mais de 20% acima dos registrados em igual período do ano passado. “A recuperação das cotações foi motivada, principalmente, pelo forte aumento dos preços internacionais do petróleo, que elevou as expectativas de maior uso da cana-de-açúcar para a produção de etanol no Brasil, na próxima safra”, ressaltou a FAO.
A organização ainda destacou que o fortalecimento do real ante o dólar norte-americano deu um suporte adicional aos preços mundiais do açúcar, já que tal movimento cambial tende a restringir as exportações de produtores brasileiros. “No entanto, o bom andamento da safra e as perspectivas favoráveis de produção na Índia, grande exportador de açúcar, contribuíram para aliviar a alta de preços e evitar maiores patamares mensais”, comentou a entidade.