A aceleração do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da cidade de São Paulo, de 1,56% na primeira quadrissemana de abril para 1,72% na segunda, surpreendeu pela magnitude e mostrou um espalhamento da inflação. A avaliação é do coordenador do indicador na Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Guilherme Moreira, que elevou de 1,24% para 1,40% a projeção de IPC no fechamento do mês, com viés de alta.
A difusão do IPC, que mede a proporção de subitens do índice em alta, saltou de 75,38% na primeira leitura do mês para 77,32% agora. O destaque é o grupo Alimentação, que acelerou de 3,01% para 3,34%, e cuja difusão passou de 74,86% para 83,43%, com efeitos climáticos e impactos do aumento dos preços de commodities. “Uma difusão como essa para Alimentação, que tem muitos produtos sazonais, significa que está praticamente tudo subindo”, alerta Moreira.
Nos alimentos, o analista destaca a aceleração de itens como óleo de soja (8,00% para 9,79%) e pão francês (3,47% para 4,49%), sensíveis à disparada de preços de commodities, como a soja e o trigo. Na ponta, o critério que indica tendência da inflação, os itens aceleram a 11,95% e 4,89%, respectivamente. De acordo com o economista, os aumentos também começam a mostrar espalhamento para outros grupos, como Vestuário (0,84% para 0,94%).
Com a surpresa observada nesta leitura, Moreira afirma que deve revisar para cima a projeção de inflação do ano, atualmente em 7,00%. “Todos os preços estão subindo, não tem mais nada caindo. Esse espalhamento acontece inclusive com a volta da atividade econômica mais forte do que se esperava, o que põe mais fogo na fervura”, conclui o analista.