BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – A Ford está na Argentina há 107 anos. Embora o país enfrente uma grave crise econômica, há pouco menos de um mês a empresa anunciou um investimento local no valor de US$ 580 milhões, o equivalente a pouco mais de R$ 3 bilhões.
Fontes do setor afirmam que a decisão de encerrar a produção no Brasil e mantê-la na Argentina não tem relação com uma eventual melhora na perspectiva econômica do país vizinho –pelo contrário. A situação financeira argentina, que já era complicada, piorou diante do aumento de gastos para combater os efeitos do coronavírus.
Os economistas já projetam para a Argentina um ano de 2021 com crise aguda, recessão, alta inflação e forte queda do PIB.
O peso foi a quarta moeda que mais perdeu valor ante o dólar em 2020, com retração de 28,82%. Superou a desvalorização do real, que acumulou perda de 22,62% (sexta maior retração).
Para o argentino, porém, que usa como referência em seu dia a dia o chamado dólar blue do câmbio paralelo, a cotação da moeda americana, na prática, avançou quase 90%.
Ocorre que, num critério considerado importante, a Argentina tem condições melhores: os custos de produção são mais baixos que no Brasil, em especial com a mão de obra local, que é muito mais barata.
As linhas de montagem na Argentina são próprias para a fabricação de uma alta gama de veículos, especialmente de picapes e SUVs, segmentos em que a empresa deseja focar esforços no médio e no longo prazo.
A produção de carros leves e populares vai perder espaço. O segmento registrou queda de vendas em 2020, e não há projeção de aumento para 2021.
Quando ocorreu a oficialização do novo investimento da Ford na Argentina, em 18 de dezembro, o presidente da empresa no país, Martín Galdeano, afirmou que entendia as “restrições de orçamento do governo argentino e a alta de impostos com a pandemia”, mas que, pensando a longo prazo, essas dificuldades ficariam para trás.
Cerca de 70% desse novo investimento está sendo feito na fábrica de General Pacheco, na província de Buenos Aires. A empresa vai priorizar a produção, a partir de 2023, de um novo modelo de sua camionete, a Ranger. A nova versão será mais digitalizada e vai atender o mercado em toda a região.
A Ford também está fortalecendo o parque argentino para atuar como polo exportador na região. Atualmente, 70% da produção local já é exportada, mas a previsão é que essa fatia cresça nos próximos anos.
No plano de reestruturação, também ganham espaço o Uruguai, que produz o novo Transit, e o México, que trabalha com os modelos Bronco e Bronco Sport.
Mas a saída da produção da Ford do Brasil tem repercussões negativas na Argentina. A empresa irá descontinuar a fabricação do Ford Ka e do EcoSport, feitos no Brasil. Esses modelos venderam 10.217 e 7.453 unidades na Argentina em 2020, respectivamente.
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Ford investe mais na Argentina, onde está há 107 anos
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