A greve dos servidores do Banco Central começa nesta sexta-feira, 1º de abril, e a expectativa do Sindicato Nacional dos Funcionários do BC (Sinal) é que tenha adesão de 60% a 70% do quadro de pessoal do órgão, que contabiliza 3.500 servidores. A greve foi aprovada na última segunda-feira, 28, e é por tempo indeterminado, em busca de reestruturação de carreira e de recomposição salarial de 26,3%.
Em nota, o presidente do Sinal, Fábio Faiad, repetiu que o movimento irá respeitar os serviços essenciais do banco, como estabelece o Supremo Tribunal Federal (STF), a menos que o governo conceda reajuste apenas para as categorias policiais. “Nesse caso, será proposta uma radicalização sem precedentes do movimento!”, reforçou.
Segundo Faiad, o BC apresentou uma lista de serviços essenciais que será discutida pelos sindicatos que representam a categoria nesta sexta-feira às 15h, com possibilidade de pedido de retirada de alguns pontos, disse o presidente do Sinal, sem dar detalhes.
Na avaliação do sindicato, o Pix e outras atividades do BC não se encontram dentro do escopo da lei dos serviços essenciais. Na prática, o sindicato afirma que o serviço poderá ficar sem manutenção e como monitoramento precário, o que pode afetar seu funcionamento pleno.
“Portanto, a greve poderá interromper parcialmente o PIX e a distribuição de moedas e cédulas. E poderá interromper, parcial ou totalmente, a divulgação do boletim Focus e de diversas Taxas, o monitoramento e a manutenção do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) e da mesa de operações do Demab, o atendimento ao público e outras atividades”, repetiu a nota.
O movimento dos servidores, que fazem paralisações parciais de 4 horas desde 17 de março, atrasa divulgações da autarquia, como o fluxo cambial e as estatísticas de crédito, do setor externo e fiscal. Além disso, como mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), a diretoria do BC já começou a postergar entregas do Pix, como a remuneração da conta PI, prevista para entrar em vigor nesta sexta.
A nota do Sinal ainda destacou que cerca de 700 comissionados já entregaram os cargos, embora a saída não tenha sido ainda publicada no Diário Oficial da União. “Tais publicações não saíram no DOU porque a Direção do BC decidiu tentar segurar as Portarias de descomissionamento. O SINAL vai cobrar da Direção do BC a efetivação das Portarias.”
Por fim, o sindicato lamenta mais uma vez as férias do presidente do BC, Roberto Campos Neto, neste momento delicado. O diretor de Regulação do BC, Otávio Damaso, substitui Campos Neto até dia 4 de abril. “Infelizmente, nessa hora tão importante, o Presidente do BC viajou de férias para Miami, o que não ajuda nada no sentido de encontrarmos uma solução para a crise!”