O Índice de Preços ao Produtor (IPP), que inclui preços da indústria extrativa e de transformação, registrou alta de 0,56% em fevereiro, informou nesta quarta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de janeiro foi revista de um avanço de 1,18% para uma elevação de 1,20%.
O IPP mede a evolução dos preços de produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e fretes, da indústria extrativa e de 23 setores da indústria de transformação. Com o resultado de fevereiro, o IPP de indústrias de transformação e extrativa acumulou aumento de 1,77% no ano. A taxa acumulada em 12 meses foi de 20,05%.
Considerando apenas a indústria extrativa, houve alta de 8,34% em fevereiro, após a elevação de 9,54% registrada em janeiro.
Já a indústria de transformação registrou aumento de 0,13% em fevereiro, ante uma alta de 0,77% no IPP de janeiro.
A alta de 0,56% nos preços dos produtos industriais na porta de fábrica em fevereiro foi decorrente de avanços em 15 das 24 atividades pesquisadas pelo IBGE.
No mês de fevereiro, as quatro maiores elevações de preços ocorreram nas indústrias extrativas (8,34%), vestuário (1,82%), refino de petróleo e biocombustíveis (1,70%) e impressão (1,67%). As quedas mais intensas ocorreram em fumo (-2,92%), madeira (-2,73%) e metalurgia (-2,55%).
As maiores contribuições para a inflação da indústria no mês foram das extrativas (0,44 ponto porcentual), refino de petróleo e produtos de álcool (0,19 ponto porcentual) e alimentos (aumento de 0,70% e impacto de 0,16 ponto porcentual). Na direção oposta, a maior contribuição negativa foi da metalurgia, -0,18 ponto porcentual.
Segundo Murilo Lemos Alvim, analista da pesquisa do IBGE, a desvalorização do dólar ante o real ajudou a desacelerar o ritmo de aumentos de preços em fevereiro.
“O resultado de fevereiro tem ligação com a variação cambial, pois o mês registrou a maior queda do dólar em 20 meses. A moeda norte-americana caiu cerca de 6%”, apontou Alvim, em nota divulgada pelo IBGE. “Se pegarmos as quatro atividades que se destacaram com as maiores variações, três tiveram queda de preços. São as atividades que têm impacto direto do dólar: fumo, madeira e metalurgia. Há diversos produtos exportáveis e isso se reflete no preço que será recebido pelo produtor em real; se o dólar cai ele vai receber menos. Há ainda vários setores que dependem de insumos importados, com o dólar mais baixo o preço desses insumos ficará mais baixo”, avaliou Alvim.
Por outro lado, o resultado da indústria extrativa foi pressionado por aumentos de preços tanto do óleo bruto de petróleo quanto do minério de ferro, commodities cotadas no mercado internacional.
“As consequências da guerra entre a Rússia e a Ucrânia não tiveram um impacto claro no resultado do IPP. O início da invasão na Ucrânia aconteceu no fim de fevereiro; e as principais sanções econômicas contra a Rússia ocorreram a partir de março. O que provocou a alta das duas commodities foi a redução da oferta, junto com uma demanda aquecida”, opinou o analista do IPP, na nota.
Bens de capital
Os bens de capital ficaram 0,64% mais caros na porta de fábrica em fevereiro, segundo os dados do IPP. O resultado ocorre após os preços terem subido 2,55% em janeiro.
Os bens intermediários registraram avanço de 0,5% nos preços em fevereiro, ante um aumento de 1,75% em janeiro.
Já os preços dos bens de consumo subiram 0,65% em fevereiro, depois de uma queda de 0,02% em janeiro. Dentro dos bens de consumo, os bens duráveis tiveram elevação de 0,15% em fevereiro, ante alta de 1,16% no mês anterior. Os bens de consumo semiduráveis e não duráveis aumentaram 0,75% em fevereiro, após a queda de 0,24% registrada em janeiro.
A alta de 0,56% do IPP em fevereiro teve contribuição de 0,04 ponto porcentual de bens de capital; 0,30 ponto porcentual de bens intermediários; e 0,22 ponto porcentual de bens de consumo.