Após de ter cumprido a promessa de elevar a Selic em 1 ponto porcentual em maio, o Banco Central teve de abrir mão de terminar o aperto monetário nesta reunião, confirmando as expectativas do mercado por uma sinalização nesse sentido. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou a taxa básica de juros em 1,00 ponto porcentual, de 11,75% para 12,75% ao ano e sinalizou que pode fazer um novo movimento de alta – em menor escala – na próxima reunião, em junho.
“Para a próxima reunião, o Comitê antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude. O Comitê nota que a elevada incerteza da atual conjuntura, além do estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demandam cautela adicional em sua atuação”, afirmou o colegiado, em comunicado nesta quarta-feira, 4.
Em comunicações oficiais do Copom de março, o BC havia indicado a intenção de finalizar a alta de juros em maio, embora tenha garantido que estaria pronto para ajustar o tamanho do ciclo caso os choques derivados da guerra na Ucrânia se mostrassem maiores ou mais persistentes.
Com a piora da inflação corrente e das expectativas, e de notícias desfavoráveis no exterior, o BC disse no comunicado de hoje que, “diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista”.
Na pesquisa do Projeções Broadcast, das 51 casas participantes, apenas 12 projetam 12,75% como patamar do juro básico no fim do ciclo de alta. As outras 39 esperam continuidade do aperto monetário depois do encontro desta semana. Uma prevê a Selic em 13,00%, 26 esperam em 13,25% e outras 12 apostam em 13,50% ou mais.
O Copom mais uma vez se comprometeu a perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. E, apesar da sinalização para a reunião de junho, o BC voltou a lembrar que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária.