A rede de lavanderias francesa 5àSec tem o Brasil como o seu principal mercado. O País concentra cerca de 30% das lojas da companhia, que acabou de ultrapassar as 500 unidades, a maior parte delas franquias. Mesmo assim, a empresa enxerga muito potencial para expandir as suas operações por aqui, especialmente ao focar em duas áreas que ainda estavam de lado dentro da operação: as lavanderias de baixo custo e a operação em edifícios comerciais e residenciais.
Essa proposta de diversificação da rede francesa pode ser vista como uma reação à ofensiva da gigante Unilever nesse mercado no Brasil. A multinacional vem abrindo lavanderias no País com a marca Omo, especialmente dentro de condomínios. A Unilever tem como meta se tornar a maior rede do setor em cinco anos e acelerou seus planos em 2020, com a aquisição do Grupo Acerte, proprietário das marcas de lavanderias Quality e Prima Clean.
A 5àSec está reagindo a isso. Para alcançar um público que não está disposto a gastar muito para ter as suas roupas lavadas e passadas, a empresa lançou a bandeira LavPop by 5àSec. Segundo Fábio Roth, presidente da rede, a 5àSec acabou de assinar o seu primeiro contrato com um franqueado nesse formato, e a previsão é de chegar a 40 operações da nova bandeira em dezembro.
ARMÁRIOS
Serão dois formatos da LavPop, um de lojas de ruas tradicionais e outro com lockers (armários) instalados dentro dos edifícios. Nesse formato, o consumidor coloca suas roupas em um dos armários, que serão conectados por meio de um aplicativo. Quando o serviço estiver pronto, o consumidor recebe uma notificação e pode retirar em um determinado armário.
De acordo com Roth, a empresa quer chegar a classes que não são atendidas pela loja padrão da 5àSec, mais voltada para as classes A e B, especialmente executivos. “Quando olhamos o cenário do setor no Brasil, temos muito a crescer. A penetração no País é de apenas 4% da população economicamente ativa utilizando lavanderias, enquanto na Europa ultrapassa os 25%”, compara.
Outro segmento com potencial, segundo o executivo, é o de edifícios residenciais. Com apartamentos cada vez menores, mas com áreas comuns para lavanderia, a 5àSec quer se tornar uma opção para administrar os espaços, também por meio de franquias.
As negociações com condomínios já estão curso. Serão oferecidas tanto a opção de instalar a lavanderia completa – com funcionários ou no modelo de autosserviço – quanto apenas os lockers para roupas, que seriam recolhidas e entregues pela loja mais próxima.
ADAPTAÇÕES
A 5àSec não teve muito a comemorar nos últimos dois anos. Com as pessoas trabalhando mais em casa por causa da pandemia, muitas deixaram de ir a lavanderias externas. Isso fez com que o faturamento da empresa caísse 35% em 2020. Já em 2021, a empresa recuperou parte das vendas ao crescer também 35%, para R$ 200 milhões. A recuperação, porém, foi insuficiente para retomar o patamar pré-pandemia.
Apesar do lançamento da nova bandeira, a 5àSec não vai deixar de olhar para o seu segmento premium. De acordo com o presidente da empresa, mesmo com o home office, houve uma adaptação das lavanderias. O serviço de entregas, por exemplo, passou a ser gratuito e novos modelos de serviço passaram a ser oferecidos, como o de assinatura mensal. Hoje, esse negócio já representa cerca de 13% do faturamento da companhia.
Para Alberto Serrentino, especialista em varejo e fundador da consultoria Varese Retail, esses novos modelos de recorrência devem ser o grande ponto de crescimento para as lavanderias, apesar da pouca penetração no País. “As pessoas estão com menos tempo e com mais necessidades de serviços, mas é preciso ajustar a questão de preços dependendo do público que quer alcançar”, diz Serrentino.
LAVA E PASSA
– Impacto: A 5àSec sofreu no início da pandemia e viu sua receita cair 35% em 2020; mesmo com recuperação no ano passado, está ainda abaixo do patamar pré-crise.
– Reação: Para enfrentar essa retração, a rede deixou de cobrar pelas entregas e passou a oferecer um serviço de assinatura mensal.
– Diversificação: A nova aposta é numa bandeira mais popular, a LavPop, que também vai combater a concorrência da Omo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.