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EconomiaPEC é limite para risco fiscal, diz chefe do BC

PEC é limite para risco fiscal, diz chefe do BC

PEC é limite para risco fiscal, diz chefe do BC

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Na mesma noite em que a Câmara aprovou a PEC dos precatórios (9), proposta que abre espaço no Orçamento para despesas com o Auxílio Brasil, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, jantou com parlamentares e indicou que a proposta demarca uma espécie de limite para o risco fiscal, segundo apurou o Estadão/Broadcast com três deputados presentes à reunião.

A PEC já vai abrir um espaço de R$ 91,6 bilhões para novos gastos em 2022. Na conversa, Campos Neto demonstrou que seria temerário propor qualquer nova iniciativa que resulte em despesas ainda maiores, diante do quadro delicado atual.

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De acordo com esses interlocutores, o chefe do BC disse que a proposta não é determinante para consertar o desequilíbrio ou condenar a política fiscal ao fracasso, mas alertou que a deterioração de expectativas é um processo gradual. Por isso, mesmo com a redução das incertezas, é necessário observar esse limite de riscos.

O presidente do BC participou do jantar com aproximadamente dez parlamentares de diferentes partidos. O encontro foi organizado pelo deputado Danilo Forte (PSDB-CE). Campos Neto tem bom trânsito no meio político e também já participou de churrasco com ministros da ala política do governo.

Segundo deputados presentes ao encontro e ouvidos pela reportagem, o presidente do BC celebrou discretamente a aprovação da proposta em segundo turno na Câmara – a votação da PEC se deu na mesma hora em que ocorria o evento. Ele reconheceu que o texto não era o ideal e havia outros caminhos possíveis, mas uma resolução para o tema era considerada importante para reduzir incertezas.

Contribuição

Campos Neto também contou que tentou contribuir com a construção do texto no início de sua formulação, embora tenha ponderado também os seus limites institucionais para atuar nessa frente. Ele é o primeiro no cargo desde que o BC foi declarado formalmente autônomo do governo.

As mudanças patrocinadas pelo governo federal na PEC às vésperas de sua votação na Câmara foram gatilho para a deterioração das expectativas do mercado financeiro e outras instituições para o cenário econômico do Brasil, com juros na casa de dois dígitos e algumas casas prevendo recessão no ano que vem. Apenas uma parte do montante liberado será destinada ao Auxílio Brasil de R$ 400, determinado pelo presidente Jair Bolsonaro.

Diante disso, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de outubro, o BC reconheceu que “questionamentos relevantes em relação ao futuro do arcabouço fiscal atual” elevaram o risco de desancoragem das expectativas de inflação e de juros mais altos. Nesse ambiente, o Copom apertou o passo no processo de aumento da taxa Selic, de 1,0 para 1,50 ponto porcentual, e indicou novo aumento da mesma magnitude no encontro de dezembro, o que levaria a taxa a 9,25%.

Crescimento

No jantar, Campos Neto defendeu a importância de uma política fiscal crível que dê sustentação ao crescimento econômico, além do avanço da agenda de reformas. Ele também se mostrou bastante aberto ao diálogo com os parlamentares e saiu do encontro elogiado pela postura técnica, articulada e racional.

“O presidente do Banco Central, de forma suave, demonstrou preocupação com o futuro”, disse o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP). “A minha percepção geral é de que ele está sendo zeloso por sua função, cuidadoso em relação ao futuro e temeroso com a situação em que vivemos.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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